É um "devaneio" a diferenciação no acesso ao Ensino Superior
A Associação Académica de Lisboa defendeu hoje que um regime de acesso diferenciado para universidades e politécnicos é "um devaneio" que se pode traduzir "no golpe final no já de si fragilizado sistema binário" do Ensino Superior.
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País Académica
Num comunicado enviado à agência Lusa, a Associação Académica de Lisboa (AAL) adverte que a concretização de um regime de acesso diferenciado pode vir pôr um fim à "dicotomia virtual inicialmente idealizada de assegurar, através do ensino politécnico, a formação de técnicos especialistas, tão necessários no país".
Afirmando que entende a "diferenciação clara entre ensino politécnico e ensino universitário" e reforçando o caráter profissionalizante do primeiro e o caráter académico do segundo, a AAL questiona a legitimidade de criar um regime de acesso diferenciado aos dois subsistemas, quando ambos atribuem os mesmos graus académicos.
No comunicado, a AAL "reprova também a ideologia de facilitismo no acesso ao ensino superior no que diz respeito à classificação obtida nos exames nacionais".
Os estudantes de Lisboa criticam ainda aquilo que chamam de "amálgama de formações" ministradas por universidades e politécnicos, num quadro de crescentes cortes de financiamento no Ensino Superior, referido a urgência de encontrar "um catálogo de formações" que acentue os objetivos académicos ou profissionalizantes dos cursos.
"O panorama instalado desenrola uma miscelânea de oferta formativa que em nada favorece a empregabilidade dos diplomados, criando um conjunto de formações a duas velocidades que dificultam a especialização das instituições de Ensino Superior e o reconhecimento do mercado. Caso os objetivos sejam redirecionados, ficariam a ganhar os nossos jovens, os nossos futuros profissionais, o nosso país", lê-se no comunicado.
O conselho coordenador dos politécnicos esclareceu hoje que as alterações ao regime de acesso ao Ensino Superior preveem que a prova de ingresso possa deixar de ser o exame nacional, para ser a nota final à disciplina exigida.
Em declarações à Lusa, o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos (CCISP), Joaquim Mourato, explicou que as alterações propostas ao Governo, por estas instituições, no regime de acesso, serão facultativas, podendo manter-se a situação vigente para os institutos que assim o entendam, nomeadamente os politécnicos que votaram contra a proposta.
Os esclarecimentos surgem um dia depois de ter sido conhecido que o CCISP tinha entregue uma proposta ao Governo no sentido de alterar as condições de acesso, ainda que com o voto contra dos politécnicos de Lisboa, Porto, Coimbra e Leiria, os quatro de maior dimensão.
Do ponto de vista do presidente do Instituto Politécnico de Lisboa, Luís Vicente Ferreira, estas alterações não são aceitáveis e, a concretizarem-se, vão ser entendidas como "uma via de acesso mais fácil" aos politécnicos, algo que os quatro institutos rejeitam.
Para o presidente do CCISP, Joaquim Mourato, a alteração proposta tem a vantagem de valorizar todo o percurso educativo do aluno, e não apenas a nota de um exame nacional, frisando que uma hora e meia de exame "não define o que um aluno sabe ou não sabe".
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