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Jovem confessa ter ateado "cinco ou seis fogueirinhas"

Um dos acusados da autoria dos incêndios do verão do ano passado na Serra do Caramulo confessou hoje ter ateado "cinco ou seis fogueirinhas", durante a primeira sessão do julgamento, que está a decorrer em Vouzela.

Jovem confessa ter ateado "cinco ou seis fogueirinhas"
Notícias ao Minuto

20:03 - 07/10/14 por Lusa

País Caramulo

Luís Patrick e Fernando Marinho estão acusados, em coautoria, de um crime de incêndio florestal, de quatro homicídios qualificados e de 13 de ofensa à integridade física qualificada. Sobre o primeiro recai também a acusação de condução sem qualificação legal.

De manhã, Luís Patrick garantiu estar inocente, negando ter andado com Fernando Marinho numa motorizada a atear focos de incêndio na serra, na noite de 20 para 21 de agosto do ano passado.

À tarde, Fernando Marinho contou que, depois de ter estado com Luís Patrick e mais quatro amigos na praia fluvial a consumir bebidas alcoólicas, o colega disse que ia para casa e ele aproveitou a boleia, uma vez que viviam próximos, em Nogueira de Alcofra, no concelho de Vouzela.

No entanto, segundo Fernando Marinho, Luís Patrick não parou em casa e seguiu para a serra, por atalhos, "para não apanhar a polícia", porque a mota não tinha seguro nem matrícula.

Contou que chegaram a Castanheirinho de Alcofra e Luís Patrick parou a mota, disse que ia fazer necessidades, subiu uma rampa e depois regressou. Quando já iam de novo no veículo é que olhou para trás e viu uma coluna de fumo no local onde o amigo tinha estado.

Fernando Marinho disse que depois seguiram para Lapa da Meruge, onde Luís Patrick "pegou no isqueiro e pegou fogo às ervas" da berma do estradão.

O juiz questionou-o porque não disse nada ao amigo sobre as suas atitudes, tendo o arguido respondido que tinha medo, porque ele é uma pessoa "um bocado violenta" e que até já lhe tinha batido.

Mais tarde, voltaram a parar, junto às torres eólicas de Silvares, onde Fernando Marinho acendeu um cigarro e ficou com o isqueiro na mão.

O jovem contou que Luís Patrick lhe disse "não és homem não és nada se não chegares fogo às ervas", tendo então ele ateado "cinco ou seis fogueirinhas", a uma distância de 10 a 12 metros umas das outras e que se vieram a juntar num só incêndio.

No regresso a casa, passaram pelo local do primeiro fogo, que estava já a ser combatido pelos bombeiros, acrescentou.

O juiz questionou então se admitia ter estado envolvido nos três incêndios de que fala a acusação - Alcofra, Meruge e Silvares -, ao que o jovem assentiu.

Fernando Marinho disse que se arrependeu do que fez e que até escreveu no Facebook que só lhe apetecia morrer e que tinha ódio a uma pessoa, mas não dizia quem. Referia-se a Luís Patrick.

No entanto, Assegurou que não foi por causa desse ódio que implicou Luís Patrick neste ato criminoso.

Para o dia de hoje tinham sido chamadas 18 testemunhas, mas apenas foi ouvida uma, José Francisco Pereira, pai da bombeira Ana Rita Pereira, que morreu a 22 de agosto quando combatia as chamas.

No final, José Francisco Pereira disse aos jornalistas que o arranque deste processo lhe dá "mais força", fazendo votos para que seja feita justiça.

Além de Ana Rita, morreram três bombeiros que combateram as chamas na Serra do Caramulo e outros dez ficaram feridos.

O julgamento prossegue na quarta-feira de manhã.

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