BES: Julgamento sobre aumento de capital será em Vila do Conde

O julgamento relativo à operação de aumento de capital do BES em 2014 vai decorrer em Vila do Conde, por decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) que resolveu um conflito de competência territorial entre tribunais.

Supremo Tribunal de Justiça

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Lusa
13/08/2025 19:15 ‧ há 1 hora por Lusa

País

STJ

A decisão de realizar este julgamento em Vila do Conde foi tomada na terça-feira pelo juiz conselheiro Nuno Gonçalves, e noticiada hoje pelo Correio da Manhã, vai em sentido contrário do defendido pelo Ministério Público (MP) e três dos arguidos neste processo do universo Espírito Santo -- Amílcar Morais Pires, Isabel Almeida e o Banco Espírito Santo (BES) em liquidação -, que entendiam que o julgamento devia decorrer em Lisboa.

 

Em conflito estavam os tribunais criminais de Lisboa e Porto, com ambos a recusarem qualquer competência territorial para julgar o caso, uma vez que não era possível apurar em que local havia sido cometido o crime mais grave em julgamento no processo, no caso o crime de burla qualificada com uma moldura penal entre os dois e oito anos de prisão.

O tribunal de instrução criminal de Lisboa considerou que o crime foi cometido por "múltiplos atos plurilocalizados", pelo que adotou o entendimento de que, cumprindo a decisão instrutória de enviar o processo para julgamento, o caso deveria ser remetido ao tribunal criminal do Porto, uma vez que foi no MP dessa área territorial que em dezembro de 2014 foi entregue uma queixa que deu origem à abertura do inquérito com o número de processo que viria a ser fixado para o caso.

No entanto, o tribunal criminal do Porto entendeu que tinha primazia uma queixa apresentada em setembro de 2014 por outra queixosa na Procuradoria-Geral da República (PGR), por ser anterior, ainda que não tenha dado origem à abertura de inquérito pelo MP, considerando ser o tribunal criminal de Lisboa o tribunal competente.

No entanto, o despacho do tribunal do Porto não deixou de assinalar que se a lei determinasse a competência territorial em função do local onde primeiro foi instaurado o inquérito, o tribunal competente deveria ser o de Vila do Conde, uma vez que o primeiro inquérito sobre os factos em julgamento foi aberto em Matosinhos na sequência de uma queixa de outubro de 2014.

"(...) conclui-se que a competência para a fase de julgamento neste processo cabe ao juízo central criminal de Vila do Conde, por ter sido na sua circunscrição que a notícia do crime de burla qualificada primeiramente originou a abertura do processo criminal", lê-se no despacho do conselheiro Nuno Gonçalves, a que a Lusa teve acesso.

Em outubro de 2024 o Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa decidiu enviar para julgamento o ex-banqueiro Ricardo Salgado, os ex-administradores Morais Pires e Rui Silveira e a antiga diretora financeira Isabel Almeida no processo de aumento de capital do BES.

A decisão confirmou a acusação do MP, proferida em julho de 2022, que imputou a todos os arguidos um crime de manipulação de mercado e um crime de burla qualificada, ambos em coautoria. Foi também acusado o BES de um crime de burla qualificada.

No lote de arguidos estava ainda incluído o ex-administrador José Manuel Espírito Santo, mas a sua morte em fevereiro de 2023 ditou a extinção do procedimento criminal.

Em causa neste processo está o aumento de capital do BES, que se concretizou entre maio e junho de 2014, escassas semanas antes do colapso do banco. Para o MP, os crimes terão resultado em vantagens de mais de mil milhões de euros (1.044.571.587,80 Euro).

Segundo a acusação do MP, os arguidos Ricardo Salgado, Morais Pires, José Manuel Espírito Santo, Rui Silveira e Isabel Almeida deturparam e omitiram informação no prospeto de aumento de capital do BES, em 2014.

De acordo com o despacho de acusação relativo ao processo de oferta pública de subscrição de ações do banco, do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), "os arguidos atuaram cientes de que, com o seu comportamento, atentaram contra os interesses patrimoniais dos subscritores das novas ações do banco", sob o objetivo de "criar um cenário destacado da realidade".

Alguns destes arguidos já estão atualmente em julgamento noutros processos, como Amílcar Morais Pires no processo principal da queda do BES e do caso BES Angola (BESA), e de Ricardo Salgado, que além destes dois processos está ainda em julgamento na Operação Marquês.

Leia Também: Ricardo Salgado obtém estatuto de maior acompanhado

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