O Comandante Subregional do Oeste, Carlos Silva, fez um balanço, na manhã desta terça-feira, 12 de agosto, sobre o incêndio que lavra há vários dias em Trancoso e que está a ser combatido, neste momento, por 699 operacionais, apoiados por dois helicópteros.
Em declarações à RTP3, o responsável assumiu que a situação, "infelizmente não está como gostaríamos", uma fez que as chamas lavram em duas frentes, uma das quais inacessível aos bombeiros.
"Gostaríamos de ter o incêndio em resolução mas, infelizmente, mantemos duas frentes ativas, sendo que a frente mais próxima da Aldeia Velha está a ficar resolvida. Ainda está ativa mas, se tudo correr bem, durante a manhã de hoje, ficará resolvida e não oferece problema. Em relação à frente junto às populações de Corças e Castanheira mantém-se ativa. É numa zona inacessível a veículos. Foi feito combate com material sapador e com água até onde foi possível mas, infelizmente, durante a noite tivemos uma reativação mais abaixo dessa posição e os meios já não conseguiram fazer face a esta progressão das chamas", explicou, acrescentando que a progressão dessa frente foi de cerca de 3,5 km.
"A mesma está agora a chegar a uma zona que oferece uma descontinuidade por um estradão, será uma oportunidade que vamos aproveitar com meios terrestres e meios aéreos e na flanco oposto a essa estrada irá bater a uma zona agrícola mais perto das habitações, o que também oferece aqui uma garantia de sucesso para travar as chamas nessa frente", disse Carlos Silva, realçando que é preciso que a meteorologia ajude para que tudo corra bem, o que, para já não está a acontecer, uma vez que "o vento já se faz sentir nas terras mais altas, o que prejudica as ações de combate".
Questionado sobre a possibilidade de haver populações em risco, o comandante assegurou que, "de momento, ainda não há" e que se conseguirem "travar o incêndio neste estradão, Castanheira não estará em risco".
Já Corça e Reboleira nunca estarão em risco porque o vento acaba por estar a favorecer estas duas populações", afiançou.
Sobre os hectares ardidos, o Comandante acredita "que esteja na ordem dos 8.500 hectares", mas só pelo 12h é que vão receber um "novo levantamento".
A Câmara de Trancoso decidiu manter ativo o Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil face "à situação de emergência causada pelo incêndio que afeta o concelho", e na sequência da reunião da Comissão Municipal de Proteção Civil.
A autarquia já suspendeu a rega de espaços públicos e apelou à população para reduzir o consumo de água "ao estritamente necessário" e, com isso, contribuir para "salvaguardar este recurso essencial ao combate ao fogo".
O fogo do concelho já terá consumido 8.000 hectares, sobretudo soutos, olivais e vinhas, indicou na segunda-feira o presidente da Câmara, Amílcar Salvador.
Além do fogo, há mais três incêndios que preocupam as autoridades a decorrer em Portugal Continental: Vila Real, Covilhã e Tabuaço.
Ao todo, neste momento, estão cerca de 2 mil operacionais.
37 feridos, entre civis e operacionais
À agência Lusa, Pedro Araújo, oficial de operações da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), destacou num balanço pelas 23h de segunda-feira que nos quatro incêndios registaram-se 37 vítimas, entre civis e operacionais, que foram assistidos no local (sem necessidade de assistência hospitalar) ou considerados feridos ligeiros e transportados ao hospital.
Recorde-se que Portugal está em situação de alerta, devido ao risco de incêndio e nas últimas semanas têm deflagrado vários incêndios no norte e centro do país que já consumiram uma área de quase 60 mil hectares este ano.
O Governo renovou a situação de alerta no país até quarta-feira, dia 13 de agosto, devido ao risco de incêndio florestal.
A renovação da situação de alerta tem como base dois motivos principais: a continuação de temperaturas elevadas em todo o país para os próximos dias e a diminuição de ignições devido às proibições determinadas.
Entre as medidas em vigor estão a proibição de acesso, circulação e permanência no interior dos espaços florestais, de acordo com os Planos Municipais de Defesa da Floresta Contra Incêndios, bem como a realização de queimas e queimadas, ficando igualmente suspensas as autorizações emitidas para esse período.
A situação de alerta implica também a proibição de realização de trabalhos nos espaços florestais e rurais com o recurso a maquinaria e o uso de fogo de artifício e outros artefatos pirotécnicos. Neste caso, também as autorizações já emitidas ficam suspensas.
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