O ex-diretor de informação da RTP António José Teixeira considerou hoje "falsa" a ideia de que a RTP3 "se esteja a afundar" e diz desconhecer a razão pela qual foi interrompido o processo de transformação na televisão até aqui desenvolvido.
Num artigo de opinião com o título 'Em nome da verdade' hoje publicado no jornal Público, sem fazer uma referência direta à sua demissão, António José Teixeira escreve: "Estivemos a trabalhar com todas as áreas da empresa e com o acompanhamento permanente de um vogal da administração da RTP e a assessoria técnica e editorial da EBU. Por alguma razão, até agora por explicar, se quis interromper este processo".
Já sobre a RTP3, refere: "Se a confiança, a qualidade e a independência não estão em causa, mesmo que todos os dias tenhamos de lutar por elas, parece estar apenas em causa a audiência de um só canal, a RTP3, que se diz continuar a afundar".
"É falso. E não é uma questão de opinião. É factual. No presente trimestre está acima do período homólogo de 2024. Em 2024, teve o mesmo 'share' de 2023. Em 2024, os nossos concorrentes diretos perderam audiência, ao contrário da RTP3. Em resumo, nestes últimos três anos não houve quebra de audiência na RTP3. O 'rating' de 2024 até foi superior ao de 2023", refere.
E acrescenta sobre os principais formatos informativos diários, como o Telejornal, o Jornal da Tarde ou o Portugal em Direto ou não diários, como o Linha da Frente ou A Prova dos Factos: "Estão a crescer".
António José Teixeira descreve vários projetos como a renovação de estúdios, ou o "projeto ambicioso" Casa das Notícias que deverá ficar concluído "dentro de pouco mais de dois meses" e que avançou por, diz o ex-diretor, "persistente proposta da Direção de Informação", bem como uma nova imagem para a informação e a reformatação do canal de informação, incluindo a sua marca.
E conclui: "Orgulho-me do trabalho realizado, do esforço que todos colocámos nos múltiplos desafios destes anos (...). Estou certo de que assim continuará a ser. Os portugueses precisam de uma RTP livre e independente, que não mude ao sabor de equívocos ou dos ciclos políticos".
Em 24 de junho, a direção de informação da televisão da RTP, liderada por António José Teixeira, foi demitida.
Na terça-feira, o presidente da RTP afirmou que a decisão sobre a demissão da direção de informação da televisão na estação pública é da exclusiva competência do Conselho de Administração e afastou qualquer interferência política.
Nicolau Santos, que falava no painel "Debate da Nação dos Media", no âmbito do 34.º congresso da APDC), disse que a demissão do diretor de informação "não tem de ter uma leitura política".
"É da exclusiva competência do Conselho de Administração da RTP e não tem nenhuma interferência política", reforçou Nicolau Santos.
As "empresas têm ciclo" e o "António José Teixeira e a sua equipa fizeram um trabalho fantástico", salientou, referindo que agora se entrou noutra fase.
Aliás, "não é apenas o diretor da televisão que sai, não foi alvo que foi focado na direção de informação da televisão, espero contar com o António José Teixeira na RTP", referiu, apontando que o trajeto profissional do jornalista "passou por ciclos e terá seguramente novos desafios".
A 25 de junho, o Conselho de Redação da RTP denunciou não ter sido auscultado sobre a exoneração da direção de informação e a definição da nova estrutura editorial, considerando que tal "compromete a legalidade" do processo.
Vários partidos políticos pediram já esclarecimentos sobre este processo.
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