Santa Maria abre processos de inquérito a quatro dermatologistas

Pelo menos quatro dermatologistas do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, prescreveram medicamentos à revelia das regras. A descoberta foi feita no âmbito das auditorias internas às cirurgias adicionais.

Hospital Santa Maria

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Márcia Guímaro Rodrigues com Lusa
26/06/2025 09:36 ‧ há 4 horas por Márcia Guímaro Rodrigues com Lusa

País

Hospital de Santa Maria

O presidente do Conselho de Administração do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, mandou abrir quatro processos de inquérito a quatro dermatologistas na sequência das auditorias internas às cirurgias adicionais.

 

"A Unidade Local de Saúde de Santa Maria confirma que o presidente do Conselho de Administração, que tem acompanhado diariamente as auditorias em curso ao Serviço de Dermatologia e solicitado as informações adicionais consideradas necessárias, detetou quatro situações que de imediato deram origem a propostas de abertura de inquéritos autónomos urgentes, aprovados nesta quarta-feira, 25 de junho, em reuniões extraordinárias do Conselho de Administração da ULSSM", confirmou fonte da ULSSM ao Notícias ao Minuto

Segundo avançou a CNN Portugal, Carlos Martins mandou abrir inquéritos e "exigiu conclusões em 24 horas", após descobrir na quarta-feira que, pelo menos, quatro dermatologistas prescreveram medicamentos à revelia das regras e um deles nem tinha a autorização obrigatória do Conselho de Farmácia.

Os inquéritos serão finalizados amanhã, sexta-feira, e haverá prova documental suficiente para avançar com quatro processos-disciplinares. 

A notícia surge após o diretor da unidade de Dermatologia do Hospital de Santa Maria, Paulo Filipe, demitir-se depois de ser confrontado com resultados preliminares das auditorias internas solicitadas pelo Conselho de Administração às cirurgias adicionais.

Segundo adiantou fonte hospitalar à Lusa, na segunda-feira à noite, Carlos Martins reuniu-se com Paulo Filipe e confrontou-o com alguns resultados preliminares do relatório interno das auditorias solicitadas na sequência de notícias divulgadas pela TVI/CNN relativamente aos gastos abusivos praticados por dermatologistas daquela unidade hospitalar.

Após ser confrontado com estes dados preliminares, o diretor da unidade de Dermatologia colocou o lugar à disposição, o que foi aceite pelo presidente do Conselho de Administração.

Diretor de dermatologia do Santa Maria demitiu-se após ver relatório

Diretor de dermatologia do Santa Maria demitiu-se após ver relatório

Paulo Filipe presentou a demissão, ontem ao final do dia, depois de ter sido confrontado com os resultados preliminares do relatório interno solicitado pelo presidente do Conselho de Administração às cirurgias adicionais.

Natacha Nunes Costa com Lusa | 09:38 - 24/06/2025

O que está em causa?

Uma reportagem da TVI/CNN Portugal revelou, no final de maio, que um dermatologista do Hospital Santa Maria recebeu mais de 51 mil euros num único dia de trabalho extra, ao abrigo do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), que permite a realização de cirurgias fora do horário normal para reduzir listas de espera. E este valor faz parte de um total de 400 mil euros pagos ao médico Miguel Alpalhão por 10 dias de trabalho suplementar ao longo de 2024 – em média, 40 mil euros por sábado.

Já este fim de semana, foram reveladas novas informações que indicam que uma dermatologista estaria inclusive fora do país, em Itália, numa altura em que aparece no sistema como responsável por uma cirurgia.

Depois da reportagem, em maio, o presidente do Conselho de Administração ordenou a abertura de cinco auditorias internas envolvendo a Dermatologia e suspendeu as cirurgias adicionais de Dermatologia.

Numa resposta enviada à Lusa, a ULSSM informou que tem em elaboração um novo modelo de contratualização de produção adicional para a área da Dermatologia.

No ano passado, quando a atual administração - que entrou em fevereiro de 2024 - detetou valores elevados pagos sobretudo na Dermatologia, decidiu que todas as cirurgias seriam pagas pelo valor mais baixo de severidade (gravidade/complexidade), tendo as restantes (mais bem pagas) de ser devidamente justificadas e autorizadas.

Ainda no ano passado, em novembro, quando se detetou que os valores pagos eram elevados, foram abertas duas auditorias internas, que não detetaram qualquer ação irregular.

[Notícia atualizada às 13h39 com o esclarecimento da ULSSM]

Leia Também: Diretor de dermatologia do Santa Maria demitiu-se após ver relatório

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