Tiago Grila, influencer que confessou, num podcast, um atropelamento seguido de fuga na Amadora, foi constituído arguido com termo de identidade e residência. A notícia foi avançada pela TVI e confirmada ao Notícias ao Minuto por fonte oficial da Polícia de Segurança Pública (PSP).
Em causa, de acordo com a mesma fonte, está um crime de omissão de auxílio, não estado descartados outros ilícitos, uma vez que a investigação continua em curso.
Tiago Grila foi ouvido, há alguns dias, na Esquadra de Investigação Criminal da PSP da Amadora há alguns dias, mas não prestou declarações.
Na noite de ontem, o influencer recorreu às rede sociais para partilhar um vídeo, onde confirmou a notícia. "Sim, fui à esquadra. Não quis dizer nada, mas tenho provas de onde estava", disse.
De recordar que foi num episódio do 'Podcast do Mestre', conduzido por Bruno Dias Mestre, no início do ano, que o influencer confessou que tinha atropelado uma pessoa, colocando-se depois em fuga. "Estou a falar a sério. Vinha numa subida, ali na Amadora. Não vi, ia agarrado ao telemóvel, ouço um estoiro e partiu o vidro", contou.
Posteriormente, a SIC avançou que o atropelamento mencionado por Grila tinha acontecido no dia 17 de janeiro de 2024, numa passadeira na Avenida D. José I, na Amadora, e que a vítima, uma mulher, perdeu os sentidos e sofreu vários ferimentos.
A confissão, recorde-se, fez com que a PSP denunciasse o crime ao Ministério Público (MP).
Depois de o caso ser noticiado, o influencer já havia declarado estar "surpreendido" com a notícia, na qual foi "associado, incorretamente, a um suposto atropelamento que ocorreu no ano passado". "Quero deixar claro que essa associação à minha pessoa é completamente falsa e descabida", escreveu nas redes sociais. Posteriormente, deu várias entrevistas a negar qualquer crime e chegou mesmo a alegar que tudo se tratou de uma estratégia de "marketing".
O MP confirmou, também no final de fevereiro, que reabriu um inquérito que tinha sido arquivado em outubro do ano passado por indícios da prática dos crimes de ofensa à integridade física e omissão de auxílio, na sequência das declarações de Tiago Grila.
"Limitada para a vida"
Marina Braga, uma mulher que se identifica como a vítima do atropelamento, contou a sua visão do acidente, que ocorreu junto do Bingo da Amadora.
À SIC Notícias, a mulher lembrou que foi ao ouvir a 'confissão' do influencer, no referido podcast, que reconheceu a situação. "Revi o acidente todo que tinha passado naquele momento", recordou, descrevendo depois que, nessa noite, partiu o braço, levou "pontos na cabeça" e partiu também os dentes da frente, que "ainda tem por arranjar".
Marina revela que mais de um ano depois continua sem poder trabalhar. Naquela noite, entrou "de urgência no hospital", onde ficou dois dias. "Depois tornei a ser internada para ser operada de urgência", referiu, dando conta de que a situação, ao contrário do episódio contado por Tiago Grila, "não teve nenhuma piada".
"Isto foi uma coisa grave que me deixou limitada para a minha vida. Estou há um ano parada, sem poder trabalhar. Fiquei em estado grave. Não foi um toquezinho como ele diz", atirou.
A mulher estava a passar numa passadeira, pouco depois das 20h00, com o sinal verde para os peões, quando foi atropelada. A pessoa que conduzia o carro fugiu.
Leia Também: Tiago Grila e o vício no jogo e drogas. "Obrigado a ir para uma clínica"