Em declarações à agência Lusa, Filipa Duarte, que coordena o projeto "Estou tão perto que não me vês", indicou ter a perceção de que o número de pessoas sem-abrigo em Beja "aumentou substancialmente" desde que a iniciativa arrancou.
"Houve um aumento de 78% de pessoas em situação de sem-abrigo", a nível nacional, entre 2018 e 2022, "e Beja não fugiu a esta realidade", realçou, salientando que, desde o início do projeto, em janeiro de 2022, e até este mês, "já foram acompanhadas cerca de 450 pessoas".
Segundo a responsável, atualmente, a equipa de rua da Cáritas Diocesana de Beja envolvida no projeto acompanha 88 pessoas sem-abrigo na cidade alentejana.
Muitos destes sem-abrigo são migrantes, assinalou Filipa Duarte, que frisou também que algumas das 450 pessoas acompanhadas ao longo destes quase dois anos "foram integradas e outras já não estão na cidade".
A coordenadora do projeto falava à Lusa após a inauguração de uma exposição coletiva com trabalhos de 10 pessoas sem-abrigo, denominada "Invisíveis - percursos para a visibilidade", no Castelo de Beja.
Os autores das obras artísticas "trouxeram para a exposição as suas narrativas individuais, através da arte, para provocar uma reflexão na comunidade sobre o que é a experiência de viver em situação de sem-abrigo", destacou.
De acordo com a responsável, os 10 sem-abrigo transmitem através da sua arte que "sentem muita indiferença" da sociedade em relação à situação em que se encontram.
A mostra resultou de laboratórios artísticos nas áreas da narração, fotografia e ilustração, dinamizados pela cooperativa cultural Chão Nosso, em que participaram, durante dois meses e meio, os 10 sem-abrigo.
"Invisíveis - percursos para a visibilidade" integra instalação sonora, objetos a três dimensões (3D), ilustração, fotografia e texto.
Esta exposição, que fica patente ao público até 30 de dezembro, foi desenvolvida ao abrigo do projeto "Estou tão perto que não me vês", financiado pelo Fundo Social Europeu (FSE) e desenvolvido pela Cáritas, em parceria com a Câmara de Beja.
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