Jesuíta ex-diretor de colégio acusado de 6 crimes de perseguição
A Procuradoria da República do Porto acusou um padre jesuíta antigo diretor geral do Instituto Nun'Alvres, em Santo Tirso, da prática de seis crimes de perseguição entre os anos de 2018 e 2019, foi hoje anunciado.
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País Santo Tirso
Em comunicado na sua página da internet, a Procuradoria da República da Comarca do Porto refere que na acusação, datada de 6 de abril, o Ministério Público (MP) considera existirem fortes indícios de que o agora acusado agiu contra os ofendidos com uma "postura de agressão laboral e de completo controlo sobre a atividade profissional destes", perturbando-os a todas as horas dentro e fora do horário laboral, dando ordens constantes, exigindo respostas imediatas sobre assuntos que extravasavam as suas funções, "atingindo, por essa forma, a saúde física, psíquica e dignidade pessoal dos mesmos".
Contactada pela Lusa, a Província Portuguesa da Companhia de Jesus (PPCJ), à qual pertence o referido Instituto, também conhecido como Colégio das Caldinhas, esclarece que as acusações remontam a 2020 e "renova a sua confiança na dedicação, empenho e profissionalismo" do padre visado pela acusação.
Segundo o MP, "para fazer valer o seu poder", o acusado "decidiu afastar de qualquer forma e por todos os meios, todos aqueles que, sob a sua direção, lhe levantassem qualquer objeção, lhe desagradassem ou desobedecessem em qualquer das suas exigências".
O MP salienta que o clérigo recorria de "forma sistemática à humilhação, às ameaças veladas ou explícitas de procedimentos disciplinares e de despedimento, e à perseguição de várias pessoas, colaboradores das escolas e das instituições canónicas".
Em 2020, uma notícia do jornal Público deu conta da existência de sete queixas-crime contra o clérigo em questão, uma arquivada segundo uma nota emitida à data pela PPCJ e hoje reencaminhada à Lusa.
Na mesma nota, a PPCJ considerou que as acusações de que o antigo diretor estava a ser alvo inseriam-se "numa dinâmica (...) de resistência e de tentativa de condicionamento da liberdade de ação da Companhia".
"É entendimento da Companhia que assim que foi indicado um novo diretor para o colégio [o padre agora acusado], instalou-se um clima de resistência interna ilegítima e coordenada por parte de alguns elementos diretivos, que foi crescendo e envolvendo outras pessoas ao longo do tempo. Uma resistência que se concretizou em várias ações, como abaixo assinados, queixas enviadas à estrutura hierárquica da Companhia e denúncias à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT)", explicava então a instituição.
À Lusa, a PPCJ salientou, hoje, que as "queixas surgiram num contexto de um conflito laboral que se viveu no Colégio no passado, e que tem vindo a ser resolvido e ultrapassado".
"Tal como já afirmado em 2020, a Província Portuguesa da Companhia de Jesus renova a sua confiança na dedicação, empenho e profissionalismo do padre (...). Renova igualmente a sua confiança no normal funcionamento da Justiça e aguarda com serenidade pelo final deste processo".
O Colégio das Caldinhas é um complexo educativo da Companhia de Jesus onde funcionam cinco escolas nas quais trabalham 250 educadores e estudam 1500 alunos.
Na sua edição de hoje, o Jornal Público dá conta do despacho de acusação do Ministério Público contra o antigo responsável do Colégio das Caldinhas.
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