Após os confrontos desta tarde entre polícia e manifestantes no final do protesto pelo direito à habitação, em Lisboa, o Comando Metropolitano da Polícia de Segurança Pública de Lisboa (COMETLIS) defendeu a abordagem dos agentes, contando que os polícias "foram cercados e atacados, através de agressões físicas".
Em comunicado, a PSP responsabiliza as duas jovens detidas - e cuja detenção terá despoletado uma reação por parte das pessoas presentes - por provocarem "danos em diversos estabelecimentos comerciais, pintando as respetivas paredes e montras".
"Os danos referidos foram presenciados por polícias que acompanhavam a manifestação. Junto à Praça do Martim Moniz, as duas manifestantes, autoras dos danos, foram abordadas para se proceder às respetivas identificações", explica a polícia.
Ao longo da manifestação, já tinham de facto sido registados casos de vandalismo em agências imobiliárias e bancárias ao longo da Avenida Almirante Reis, em Lisboa, durante a manifestação que começou na Alameda D. Afonso Henriques e que terminou no Martim Moniz.
Na praça onde acabou o protesto, a polícia e os manifestantes envolveram-se em confrontos, com os agentes de autoridade a usarem bastões e gás pimenta para dispersar a multidão, após a detenção das jovens (uma portuguesa e uma italiana). Várias pessoas e ativistas denunciaram a órgãos de comunicação no local que as autoridades reagiram de forma violenta, com a manifestação a revelar-se pacifica e sem incidentes até então.
Polícia fascista agindo em Lisboa contra ato pelo direito à habitação em Portugal @sttefanicosta pic.twitter.com/xRcpShI7IG
— Hedflow (@Hedflow) April 1, 2023
A PSP esclarece que "os polícias que procediam à abordagem foram cercados e atacados, através de agressões físicas, com contato direto, do arremesso de pedras e de garrafas de vidro, pelo que optaram por entrar num supermercado ali existente, para se protegerem e protegerem as duas manifestantes abordadas".
Segundo a versão das autoridades, os manifestantes tentaram então "forçar a entrada no supermercado, pelo que foi necessário o uso da força e meios coercivos de baixa potencialidade letal, bem como mobilização de reforços policiais para conter as agressões em curso".
Eventualmente a situação ficou mais calma, com as pessoas a ficarem ainda no local a criticar as forças de segurança.
As duas jovens - que ainda estiveram mais de uma hora dentro do estabelecimento, acompanhadas pelas representantes legais - acabaram por sair sem serem identificadas, já que este "trata-se de um crime semipúblico e não foi sido possível obter, em tempo útil, a queixa dos proprietários dos edifícios danificados".
Há ainda registo de um polícia "ferido na face, um outro polícia com diversas dores nos membros, atingidos por garrafas, e foram danificados dois motociclos e duas viaturas policiais".
A tarde de sábado ficou marcada por protestos pelo direito à habitação em várias cidades do país, incluindo Porto, Braga, Coimbra e Aveiro, mas foi em Lisboa que se registou a maior enchente. Milhares de pessoas entoaram cânticos de protesto pelo direito a uma renda acessível, contaram as suas histórias de precariedade e criticaram o Governo pelas medidas apresentadas no pacote 'Mais Habitação'.
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