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Tribunais da Relação. Supremo lamenta atraso na autonomia administrativa

O presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Henrique Araújo, disse hoje que passados 20 anos ainda espera a concretização da autonomia administrativa dos tribunais da relação, considerando que se trata de um flagrante exemplo de "inércia legislativa".

Tribunais da Relação. Supremo lamenta atraso na autonomia administrativa
Notícias ao Minuto

14:58 - 12/05/22 por Lusa

País Supremo Tribunal de Justiça

No discurso que marcou a sessão solene de comemoração do 20.º aniversário do Tribunal da Relação de Guimarães, Henrique Araújo referiu um decreto-lei de agosto de 2000, o qual aborda o regime jurídico da gestão administrativa dos tribunais superiores, prevendo a existência de um conselho administrativo, "um órgão com competência administrativa e financeira".

"Passaram 20 anos e ainda se aguarda a concretização da autonomia administrativa das Relações. Eis um flagrante exemplo da inércia legislativa de que sempre tenho falado, com custos enormes para o funcionamento eficiente das Relações", disse Henrique Araújo.

Perante o presidente do Tribunal da Relação de Guimarães, António Sobrinho, o presidente do STJ frisou que conhece "bem as dificuldades" de quem tem a responsabilidade de dirigir um tribunal da relação e dos magistrados e funcionários que ali trabalham diariamente.

"Os presidentes das cinco relações do país não dispõem de qualquer estrutura de apoio para a execução de tarefas administrativas e de gestão diária. Como se calcula a inexistência de um gabinete de apoio e a ausência de um órgão deliberativo, que permita a gestão financeira e patrimonial das Relações, tornam o exercício da presidência um encargo de enormíssima dificuldade", apontou.

Afirmando que se tem vindo a empenhar nestas questões, Henrique Araújo disse que está em fase de finalização a elaboração de uma proposta legislativa que, "se tiver o devido seguimento, poderá finalmente dar satisfação às apontadas necessidades".

"Também não é fácil o trabalho das senhoras e senhores desembargadores que continuam privados de qualquer tipo de apoio de assessoria. São perfeitamente compreensíveis o cansaço e a desmotivação reinantes", acrescentou.

O presidente do STJ admitiu que "a perda de expectativa na progressão na carreira, em resultado de uma permanência, cada vez maior, na segunda instância", gera desmotivação, e defendeu que é fundamental que o acesso ao Supremo ocorra em idades menos avançadas.

"O início da inversão da atual situação não pode esperar mais. É preciso começar pelo princípio, pela base de todo o sistema", sublinhou.

Outro dos temas do discurso foi a alteração da lei de acesso ao Centro de Estudos Judiciários, com o presidente do STJ a considerar que urge acabar com as condições que restringem a base de recrutamento dos candidatos à magistratura.

"Importa, em simultâneo, promover políticas de atração de jovens licenciados à carreira e reforçar a capacidade formativa do Centro de Estudos Judiciários", acrescentou.

Mas, salvaguardando que os efeitos destas medidas, a serem tomadas, só se farão sentir daqui a alguns anos, Henrique Araújo alertou que, "dada a insuficiência de juízes na primeira instância", algo que considerou uma evidência, a promoção de juízes de direito aos tribunais da relação e o acesso de juízes desembargadores ao Supremo "continuará a ser feita tardiamente".

Numa sessão comemorativa que precedeu a inauguração da exposição "Impulso e Matéria", do pintor Jaime Silva com curadoria de Sónia Moura, que vai estar patente no edifício do Tribunal da Relação de Guimarães até 15 de julho, Henrique Araújo recordou a história de implantação deste tribunal.

"Lembro-me bem do momento em que foi instalado o Tribunal da Relação de Guimarães e a avalanche processual que logo se seguiu, que obrigou a um rapidíssimo reforço do quadro de magistrados. Muito cresceu a Relação de Guimarães. Cresceu em funcionários e magistrados, mas cresceu sobretudo em afirmação no plano judiciário e jurisprudencial", referiu numa cerimónia na qual também discursou o presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança.

A ação do Tribunal da Relação de Guimarães envolve uma população superior a um milhão de habitantes, das comarcas de Braga, Bragança, Viana do Castelo e Vila Real.

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