Santos Silva alerta para a necessidade de se combater a desinformação

O ministro dos Negócios Estrangeiros português defendeu hoje, na abertura do Fórum de Lisboa, a necessidade de se combater os perigos criados pelas novas tecnologias, como a desinformação e o discurso do ódio.

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Lusa
09/12/2021 11:32 ‧ 09/12/2021 por Lusa

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Augusto Santos Silva disse ser "fundamental responder aos desafios trazidos pelas novas tecnologias" com uma "abordagem integrada e inclusiva" em que participem e colaborem "Estados, sociedade civil, empresas e a comunicação social".

"O advento da Internet parecia prometer uma sociedade de informação e do conhecimento inclusiva e democrática, mas trouxe também consigo novos perigos, incluindo o de promover o exato oposto: uma sociedade fragmentada, polarizada, relutante em ouvir e acolher diferentes pontos de vista", alertou o chefe da diplomacia portuguesa.

Organizada pelo Centro Norte-Sul do Conselho da Europa, a 27.ª edição do Fórum de Lisboa é dedicada ao "diálogo intercultural na era da infodemia".

Augusto Santos Silva salientou que o Centro Norte-Sul, com sede em Lisboa, "promove a cidadania ativa e previne fenómenos de radicalismo, discurso de ódio, separatismo religioso e de discriminação com base na religião ou na crença".

Numa mensagem ao fórum, o vice-secretário-geral das Nações Unidas e alto representante para a Aliança das Civilizações, Miguel Ángel Moratinos, disse que o isolamento provocado pela pandemia de covid-19 expôs mais as pessoas ao discurso do ódio e da violência nas redes sociais.

"Alguns dos principais modelos de negócio das redes sociais são construídos de forma a facilitar a disseminação do discurso do ódio", denunciou o diplomata espanhol.

Por isso, considerou não ser uma coincidência que a "propagação do ódio com base em mentiras e desinformação" seja uma das "repercussões mais graves" da pandemia.

"O racismo, a xenofobia e a discriminação foram exacerbados, e a pandemia está a corroer a já frágil solidariedade global e o progresso em direção à diversidade cultural", alertou.

Moratinos defendeu que o diálogo intercultural é um "instrumento valioso para combater a infodemia", ou o excesso de informação incorreta proveniente de fontes não verificadas ou pouco fiáveis.

Defendeu também uma transformação da educação e o desenvolvimento de programas para "aumentar a resiliência dos jovens à narrativa radical, ao discurso do ódio, à propaganda e à linguagem divisionista".

"Temos de encontrar formas inovadoras de aproveitar o poder desta nova tecnologia para prevenir e combater o discurso do ódio", acrescentou.

No encontro, presencial e virtual, oradores de vários países vão discutir, hoje e na sexta-feira, a "necessidade urgente" de promover o diálogo intercultural como forma de combater a desinformação e o discurso de ódio.

"Este debate híbrido destaca o diálogo intercultural como uma forma eficaz de proteger os direitos humanos, a solidariedade global e a justiça social 'online' e 'offline'", segundo a organização.

O primeiro dia do Fórum de Lisboa coincide com a entrega do Prémio Norte-Sul do Conselho da Europa 2020 à Comissão Internacional contra a Pena de Morte e à Rede de Especialistas Mediterrâneos em Mudanças Climáticas e Ambientais.

O prémio será entregue durante uma cerimónia na Assembleia da República, que contará com intervenções do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do presidente do parlamento, Eduardo Ferro Rodrigues.

O Prémio Norte-Sul do Conselho da Europa distingue anualmente duas personalidades ou organizações pelo seu "compromisso com os direitos humanos, a democracia e o Estado de direito".

Dirigido atualmente pelo diplomata português Afonso Malheiro, o Centro Norte-Sul é um instrumento para a cooperação multilateral da política do Conselho da Europa para as regiões vizinhas.

Criado em 1990, visa "facilitar a transição política democrática, ajudar a promover a boa governação e reforçar e alargar a ação regional do Conselho da Europa no combate às ameaças transfronteiriças e globais".

Além de Portugal, o Centro Norte-Sul integra duas dezenas de estados, incluindo Espanha, Grécia, Marrocos, Tunísia e Cabo Verde.

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