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APAP lamenta que autarca não tenha defendido Jardim de Sophia

O presidente da Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas (APAP) questiona se desaparecimento do Jardim de Sophia, no âmbito das obras Metro é necessário, lamentando que o autarca do Porto tenha "assinado de cruz" o novo projeto para o local.

APAP lamenta que autarca não tenha defendido Jardim de Sophia
Notícias ao Minuto

12:09 - 31/03/21 por Lusa

País Jardim

Numa carta aberta em nome pessoal, a que a Lusa teve hoje acesso, João Cerejeiro afirma que seria esperar uma intervenção do cidadão Rui Moreira, atual presidente da Câmara, que há anos "se batia publicamente pelos direitos dos autores dos jardins" e que atualmente "tem o poder de suspender ou alterar as condições que o projeto da linha Rosa [do Metro do Porto] tomou".

Cerejeiro alerta que o Jardim de Sophia, na zona da Praça da Galiza, perto da Boavista e do Campo Alegre, "irá simplesmente desaparecer" com o projeto da Linha Rosa do Metro do Porto, cuja obra já foi consignada.

"Ao arrepio da Declaração de Impacto Ambiental [DIA], dos objetivos do novo PDM [Plano Diretor Municipal], dos apelos da comunidade, e acima de tudo do protetor dos jardins, Rui Moreira assina de cruz um novo projeto do jardim e estação do arquiteto Souto Moura, afirmando que o mesmo "irá ficar perfeito" e "melhor até do que o que hoje lá existe", acusa o presidente APAP na missiva dirigida e enviada ao independente.

Pondo em causa se o tipo de mobilidade é o melhor face à relação custo/ benefício e ao impacto da obra em trajetos subterrâneos, João Cerejeiro questiona ainda se será mesmo necessário o desaparecimento do atual Jardim de Sophia, da autoria da arquiteta paisagista Marisa Lavrador, estranhando a eliminação física de um jardim de bairro, que já adquiriu a sua história.

"Será que não existem ainda nesta altura argumentos válidos por parte da autarquia para a sua salvaguarda, mesmo estando previsto no projeto da Metro do Porto a sua destruição?", pergunta.

Se por "infortúnio do destino", o espaço tiver de ser alterado, João Ceregeiro considera que deve ser a autora a fazê-lo, tanto mais que a mesma já se mostrou "disponível para integrar a equipa do projeto".

"Mesmo sob a oportunidade política da grande obra pública, julgo ter havido, permita-me, uma clara precipitação ao avaliar algo que ainda não existe relativamente ao atual Jardim de Sophia e da salvaguarda do património paisagístico na cidade do Porto", remata.

O dirigente estende a sua preocupação para os trabalhos previsto no âmbito da extensão da linha Amarela entre Santo Ovídio e Vila D'Este, que implicam o abate de 503 sobreiros, espécie protegida.

A Lusa tentou obter uma reação por parte da autarquia, mas até ao momento sem sucesso.

Em novembro de 2020, a APAP tinha já apelado à revisão do projeto da Linha Rosa, lamentado que o património ecológico da cidade do Porto continue a ser sacrificado.

À data, em declarações à Lusa, João Cerejeiro lamentava ainda que a autora do Jardim do Sophia não tenha sido integrada no projeto que resulta, se for concretizado tal como está a ser proposto pela Metro do Porto, no "desaparecimento da quase totalidade do jardim".

Formada por quatro estações e cerca de três quilómetros de via, a nova Linha Rosa do Metro do Porto, vai ligar S. Bento/Praça da Liberdade à Casa da Música, servindo o Hospital de Santo António, o Pavilhão Rosa Mota, o Centro Materno-Infantil, a Praça de Galiza e as faculdades do polo do Campo Alegre.

O projeto está a ser contestado por vários grupos ambientalistas do Porto que pedem que a APA chumbe o RECAPE, obrigando a Metro a alterar a execução do projeto prevista para o local.

Foi ainda lançada uma petição que conta com pouco mais de 2.200 assinaturas.

Em dezembro, sete associações pediram a classificação como património cultural de interesse nacional, do monumento e do jardim da Rotunda da Boavista, para onde está prevista a construção de um túnel subterrâneo no âmbito das obras da Linha Rosa do Metro do Porto.

As empreitadas das linhas Rosa e o prolongamento da Amarela, foram consignadas no dia 16 de março, com a perspetiva de começarem "já" e se prolongarem "durante três anos", até 2024.

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