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LPN alerta para falhas na gestão do Parque Natural do Sudoeste Alentejano

A Liga para a Proteção da Natureza (LPN), alertou hoje para graves falhas na gestão do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV), alegando que espécies e paisagens únicas estão atualmente em risco.

LPN alerta para falhas na gestão do Parque Natural do Sudoeste Alentejano
Notícias ao Minuto

19:09 - 15/10/20 por Lusa

País Parque Natural do Sudoeste Alentejano

Em comunicado, a LPN dá como exemplo uma nova espécie (Helosciadium milfontinum), planta da família da erva-doce, que fica a dever o seu nome à zona onde foi descoberta, Vila Nova de Milfontes, no concelho de Odemira (Beja), classificada, este ano, por investigadores da Universidade de Évora, que habita os charcos temporários mediterrânicos.

"Esta descoberta vem juntar-se ao valioso conjunto de espécies que habitam os charcos temporários mediterrânicos, um dos mais notáveis e singulares habitats de água doce da Europa, onde algumas espécies desenvolveram mecanismos de sobrevivência que lhes têm permitido resistir desde o tempo dos dinossauros", refere.

Para a associação de defesa do ambiente, "apesar do seu valor e singularidade, estas formas de vida que resistiram durante milhões de anos no Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina encontram-se mais ameaçadas do que nunca".

"O aumento da área agrícola, notório nas estufas e culturas cobertas que ocupam grandes extensões no PNSACV, tem suscitado preocupação com a conservação dos valores naturais que estão na base da criação do Parque Natural e integração na rede de áreas classificadas da União Europeia (Rede Natura 2000)", lê-se no comunicado.

Segundo a LPN, "foram identificados oficialmente vários incumprimentos das regras previstas no Plano de Ordenamento" do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, como a "falta de implementação dos sistemas de monitorização da qualidade das águas subterrâneas e do solo e a falta de monitorização do estado das espécies e habitats".

"A legislação relativa às medidas de monitorização necessárias no Sudoeste Alentejano não foi até agora cumprida. É urgente a implementação séria da lei de forma a garantir que os valores naturais únicos desta zona não serão destruídos", defende o presidente da direção nacional da Liga para a Proteção da Natureza, Jorge Palmeirim, citado no comunicado.

No ano em que o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina celebra o 32.º aniversário, a LPN alerta ainda para a ausência de uma "cartografia e informação geográfica pública sobre as espécies, habitats e atividade agrícola na zona do Perímetro de Rega do Mira, e dos Planos de Gestão no âmbito da Rede Natura 2000".

"Não é concebível o aumento da área de exploração agrícola sem monitorização do atual impacto desta atividade. Se não se conseguir assegurar a correta aplicação das medidas de gestão, não prevejo futuro para o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina", adianta o dirigente.

A associação aguarda uma resposta do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), às questões colocadas sobre o cumprimento destas medidas exigidas pela legislação e que "constituem a base para a conservação de uma das mais importantes áreas da Rede Nacional de Áreas Protegidas, bem como para a gestão da atividade agrícola aí integrada".

Segundo a LPN, nos charcos temporários mediterrânicos, "foram identificadas cerca de 250 espécies de plantas (11 das quais com estatuto de proteção ou distribuição restrita), 13 espécies de anfíbios, várias espécies de micromamíferos, como o rato de Cabrera e o rato-de-água e 17 espécies de morcegos (algumas criticamente em perigo)".

De acordo com a associação de defesa do ambiente, existe também "um grupo desconhecido que é inteiramente dependente" dos charcos temporários mediterrânicos, como os crustáceos grandes branquíopodes.

"Entre eles encontram-se os raros e curiosos camarões-girino (Triops vicentinus) e camarões-concha (Maghrebestheria maroccana), cujos ovos se podem manter dormentes durante vários anos enquanto não têm condições de humidade para eclodir".

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