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Família portuguesa vai largar tudo para se fazer ao mar com os filhos

Família portuguesa decidiu largar empregos e rotinas para proporcionar aos filhos a possibilidade de viajar pelo mundo em família – mas num veleiro, de forma sustentável, e com uma iniciativa de âmbito social no horizonte.

Família portuguesa vai largar tudo para se fazer ao mar com os filhos
Notícias ao Minuto

09:00 - 14/01/20 por Anabela Sousa Dantas

País WindFamily

Uma família portuguesa decidiu abandonar as suas rotinas diárias para poder velejar à volta do mundo, num plano que acalentou durante vários anos e que irá avante em 2020. E, para já, sem data para regressar.

Inês Saldanha Pisco, de 36 anos, e João Saldanha Pisco, de 43, vão abandonar os seus empregos e fazer de um veleiro a sua residência, juntamente com os seus quatro filhos: Alice, agora com nove anos, Manel, com sete, Francisco, com cinco e Teresa, com dois anos. “O meu sonho é viajar, velejar sempre foi o sonho do meu marido. Juntámos os dois sonhos e fizemos o nosso sonho em família”, disse Inês Saldanha Pisco ao Notícias ao Minuto.

Paralelamente, sabendo que chegarão a lugares diversos, Inês quer aproveitar a oportunidade para educar os filhos “pelo exemplo”, sensibilizando-os para projetos de âmbito social. “Há uns anos estive na Amazónia, numa ajuda humanitária que fiz sozinha e que me marcou muito enquanto pessoa. Na altura ainda não tinha filhos, tinha acabado a faculdade, mas pensei que quando tivesse filhos gostaria de fazer alguma iniciativa deste género com eles”.

Assim nasceu a ideia para o projeto ‘Letters of Love’ (Cartas de Amor), algo “muito simples”, tendo em conta os recursos de que a família irá dispor. Irá basear-se no contacto com as escolas locais, com a ajuda de docentes ou associações humanitárias, para sensibilizar os alunos a escrever cartas para crianças hospitalizadas. “Tento envolver os professores, encontrar alguém que se apaixone por este projeto, e o objetivo é que se torne embaixador deste projeto naquele local”, afirmou Inês, lembrando que terá que ser feito de forma voluntária.

Notícias ao MinutoA família Saldanha Pisco com os filhos© Reprodução/Wind Family

“É um projeto muito simples, mas estou apaixonada por ele, assim é que tem que ser. Sobretudo, é um projeto viável para fazer em família”, explicou. “O objetivo desta viagem é viajar a tempo inteiro e dar essa experiência aos nossos filhos. Agregado a isto levamos um propósito social porque julgamos que isto nos dará entusiasmo, e ajuda a construir a personalidade dos meus filhos, dá-lhes muita coisa na construção da estrutura deles”.

Passo n.º 1: Deixar os empregos, assumir ensino dos filhos

A família planeia zarpar em julho do próximo ano, depois do fim do ano letivo. “Estou a tratar de tudo para o ensino doméstico. Eles vão ficar em ‘homeschooling’, seremos nós os tutores”, indicou Inês sobre a continuidade da educação das crianças. O marido, João, é professor, e tornou-se mais simples coordenar os planos para os próximos anos com o agrupamento escolar local.

Com o regime de ensino doméstico, a educação das crianças fica a cargo dos tutores, mas estes terão acesso ao programa escolar normal e, inclusive, serão submetidos a testes e exames. Os pais, por seu turno, vão mesmo largar os atuais empregos. “Exige muito trabalho pela frente, manutenção do barco, educação dos miúdos, preocupações várias”, disse Inês, relembrando que serão seis pessoas num barco.

“O mais difícil de gerir é estamos sempre juntos. É como se fosse um fim de semana prolongado, não é fácil de gerir tanta gente... Mas seja este o maior dos nossos males”, referiu. A família, sublinhe-se, já fez, no verão passado, uma viagem-piloto para preparar esta ida, passando dois meses a velejar. As crianças, diz a mãe, que vai contando as aventuras familiares no blogue Wind Family, adaptaram-se muito facilmente.

“Eu tenho mais medo de mim do que deles. No verão, eu ainda estava assim um bocado confusa, a pensar no que fazer e eles, passado 15 dias, já parecia que sempre viveram num barco”, lembrou.

A viagem está planeada e há uma rota, mas nada está escrito em pedra, uma vez que há várias condicionantes a ter em conta ao longo do percurso, sendo a principal as condições meteorológicas. Ainda assim, “a ideia é ser uma experiência de entre três a cinco anos”. “Depende de nós. Durará enquanto a família estiver feliz a fazer isto - e quando eu digo família, falo sobretudo da minha filha mais velha. Eu não quero de todo tirar-lhe a normalidade da adolescência. Imagino que até aos 14 anos, sim, é uma experiência viável, mais do que isso depende dela”.

Sustentabilidade sempre na agenda

O empreendimento da família Saldanha Pisco, que poderá não estar ao alcance da maior parte das famílias, é assente numa premissa simples: recorrer ao mar, ao sol e ao vento como fonte de energia para a movimentação do barco e outros utilitários, e recorrer à pesca como principal fonte de proteína, quando no mar. Uma vez em terra, tudo depende do local em que atracarem e do tempo que por lá decidirem passar.

“O barco é completamente sustentável. Primeiro, é um veleiro – portanto, viaja com o vento -, depois temos painéis solares que dão energia. No verão foi a primeira experiência com o barco e com os miúdos, estivemos lá dois meses e carregávamos tudo o que havia no barco com os painéis, telemóveis, televisões, tudo”, afirmou Inês.

No veleiro também existirá a possibilidade de transformar água do mar em água potável, através de um dessalinizador, e um gerador eólico e outro hidráulico. “A nossa principal fonte de proteína vai sair da pesca”, acrescentou.

“No início, pode não ser assim tão fácil, vamos ter que nos adaptar à vida do dia a dia num barco. Mas é um dos meus sonhos, fazer parte da vida dos meus filhos sem ser naquela ‘horinha’ ao final do dia, já cansada do trabalho”, esclareceu Inês Saldanha Pisco, para quem esta viagem é uma forma de aproximar a família de uma forma que não seria possível na rotina normal.

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