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Guiné-Bissau. PR cessante não foi reeleito por ter demitido Aristides

O Presidente cessante da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, disse hoje que não foi reeleito por ter demitido o primeiro-ministro Aristides Gomes, em cumprimento da Constituição que "obriga à demissão" do Governo quando há formação de uma nova maioria.

Guiné-Bissau. PR cessante não foi reeleito por ter demitido Aristides
Notícias ao Minuto

18:43 - 28/11/19 por Lusa

Mundo Guiné-Bissau

"Foi isso que me custou a reeleição como Presidente da República", afirmou José Mário Vaz.

O Presidente cessante falava aos jornalistas na sua sede de candidatura às eleições presidenciais do passado domingo, em Bissau, onde fez uma declaração à imprensa de cerca de 15 minutos, sem direito a perguntas.

"Num atentado à nossa soberania, a CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental] foi ludibriada a fim de ditar limitações ilegais ao mandato do chefe de Estado, apesar da lei eleitoral da Guiné-Bissau ser clara e inequívoca ao estabelecer que o mandato termina com a realização de eleições, que se devem realizar entre os dias 23 de outubro e 25 de novembro", afirmou José Mário Vaz.

Segundo o Presidente cessante, a "comunidade de interesses" violou a Carta da Organização das Nações Unidas e "impediu o cumprimento do ditame constitucional que obriga à demissão do Governo minoritário quando a dinâmica constitucional dá lugar à formação de uma nova maioria, celebrada um mês antes das eleições" de domingo (reunindo o MademPRS e APU).

Na declaração, José Mário Vaz agradece também às forças de defesa e segurança pelo "comportamento republicano".

"A acalmia, o sossego, a liberdade, a paz social e a tranquilidade interna conquistadas nos últimos cinco anos são um legado comum das forças de defesa e segurança e do chefe de Estado", disse, pedindo aos militares e à polícia para continuarem naquele "timbre".

Aos jovens, o Presidente cessante pede para continuarem a combater a corrupção e a "comunidade de interesses", que impede a soberania, aconselhando-os a desenvolver o setor agrícola, o turismo e a pesca artesanal, que "podem dar de comer a todos os guineenses e dar emprego aos jovens" e ser o motor da economia.

"Assim, os nossos recursos marinhos e a nossa riqueza mineral permaneceriam como a reserva económica e estratégica para gerações futuras e evitaria a cobiça e a ganância que podem provocar a instabilidade política no nosso país patrocinada pela comunidade de interesses", afirmou.

José Mário Vaz não passou à segunda volta das eleições presidenciais na Guiné-Bissau, marcadas para 29 de dezembro, tendo obtido 12,41% dos votos.

A segunda volta das presidenciais vai ser disputada entre Domingos Simões Pereira e Umaro Sissoco Embaló.

Domingos Simões Pereira, apoiado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder), foi o candidato que obteve maior percentagem de votos, 40,13%, não conseguindo mais de metade para vencer à primeira volta.

Umaro Sissoco Embaló, apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), foi o segundo mais votado e obteve 27,65% dos votos.

A campanha eleitoral para a primeira volta das presidenciais, que se realizou domingo, teve início com o aumento da tensão política do país, depois de o Presidente cessante ter demitido o Governo liderado por Aristides Gomes e nomeado um outro liderado por Faustino Imbali, alegando uma nova maioria no parlamento.

A decisão foi condenada pelos parceiros internacionais da Guiné-Bissau, bem como pela CEDEAO, que tem mediado a crise política no país.

A União Africana, a União Europeia, a CEDEAO, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a Organização das Nações Unidas disseram que apenas reconhecem o executivo saído das eleições legislativas de 10 de março, que continua em funções.

Faustino Imbali acabou por apresentar a demissão depois de a CEDEAO ter admitido impor sanções.

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