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Agustina Bessa-Luís "está no panteão do coração de todos os portugueses"

Marcelo Rebelo de Sousa marcou presença no funeral da escritora portuguesa que morreu, esta segunda-feira, aos 96 anos.

Agustina Bessa-Luís "está no panteão do coração de todos os portugueses"
Notícias ao Minuto

17:45 - 04/06/19 por Natacha Nunes Costa com Lusa

País Marcelo Rebelo de Sousa

Marcelo Rebelo de Sousa marcou presença, esta terça-feira, no funeral de Agustina Bessa-Luís, que se realizou na Sé Catedral da cidade do Porto.

Depois de ter tecido largos elogios à escritora esta segunda-feira, dia em que Agustina morreu, aos 96 anos, o Presidente da República fez questão de estar presente no último adeus a este "génio" da literatura portuguesa.

Aos jornalistas, à saída das cerimónias funébres, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a elogiar o trabalho feito ao longo de muitos anos por Agustina Bessa-Luís.

"No campo literário, ela fez tudo. Fez romance excecional, fez biografia, fez teatro, fez crónica, fez tudo. Aquilo que fica em termos de génio é ter sabido retratar, por dentro essa mudança de Portugal, que não era apenas falar de como as pessoas eram, era falar de como a natureza humana é sempre", sublinhou.

Já ao ser questionado sobre a trasladação do corpo da artista para o Panteão Nacional, Marcelo Rebelo de Sousa descartou responsabilidades sobre esta decisão.

"É uma decisão que depende da família, depende dos deputados. Neste momento estamos a prestar-lhe homenagem. Ela está no panteão do coração de todos os portugueses. Agora isso [trasladação para o Panteão Nacional], é uma decisão que depende muito de como é que a família vê, como é que a Agustina gostaria que fosse", explicou.

Depois das cerimónia fúnebres na Sé Catedral do Porto, o corpo de Agustina Bessa-Luís seguiu para o cemitério de Peso da Régua onde decorrerá o funeral, numa cerimónia reservada à família da escritora.

Marcelo Rebelo de Sousa, que chegou à Sé Catedral cerca das 15:30 e assistiu à missa de corpo presente junto da ministra da Cultura, Graça Fonseca, e do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, entre outros governantes e políticos portugueses, disse que Agustina Bessa-Luís "ficará para sempre na cultura portuguesa", como "fica na alma daqueles que a leram, daqueles que partilharam a forma como ela fez o retrato de Portugal".

O Presidente da República enumerou as ligações de Agustina Bessa-Luís ao Porto e ao Norte, somou as raízes ao Douro e também "um bocadinho ao Minho", para destacar o "retrato de 100 anos de Portugal" feito pela escritora, um retrato que versou nos séculos XIX e XX e mostrava "como é que um Portugal acabava e como outro Portugal começava", acrescentou.

"E ao fazer o retrato de famílias, e porventura o retrato da sua família, foi fazendo o retrato da mudança de Portugal. Isso diz muito a todos nós, porque era um Portugal rural, um Portugal que se foi convertendo num Portugal urbano e metropolitano. Ela foi pintando isso através das suas personagens e nós revemo-nos nisso, sobretudo os mais velhos, mas também os mais novos", disse Marcelo Rebelo de Sousa que revelou ter conhecido Agustina Bessa-Luís, "mas não com intimidade", e que os seus livres preferidos da escritora são "Fanny Owen" e "A Sibila".

Agustina Bessa-Luís, que morreu na segunda-feira, no Porto, aos 96 anos, nasceu em 15 de outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante.

O nome da escritora, que se estreou nas Letras com o romance "Mundo Fechado", em 1948, destacou-se em 1954, com a publicação de "A Sibila", obra que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz.

Agustina recebeu também, por duas vezes, o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, a primeira, em 1983, pela obra "Os Meninos de Ouro", e, depois, em 2001, por "O Princípio da Incerteza I - Joia de Família".

A escritora foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015.

Em 2004 recebeu o Prémio Camões e o Prémio Vergílio Ferreira.

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