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"Segredo" para ganhar eleições "é que os partidos se apresentem sozinhos"

A vice-presidente do CDS-PP Cecília Meireles defendeu hoje que o partido deve ir sozinho às europeias e legislativas, argumentando que "o segredo" para ganhar eleições é mostrar ser alternativa mais do que "qualquer efeito" matemático que favoreça coligações.

"Segredo" para ganhar eleições "é que os partidos se apresentem sozinhos"
Notícias ao Minuto

05:56 - 08/03/18 por Lusa

Política Cecília Meireles

"O que acho que é a regra é que os partidos se apresentem sozinhos quer em europeias, quer em legislativas", propôs Cecília Meireles em entrevista à agência Lusa, a dois dias do 27.º Congresso do CDS-PP, que se realiza no sábado e no domingo, em Lamego, no distrito de Viseu.

A decisão de o CDS-PP concorrer sozinho às eleições europeias foi anunciada pela presidente do partido, Assunção Cristas, e é secundada pela moção setorial ao Congresso do eurodeputado e 'vice' centrista Nuno Melo, intitulada 'Mais Europa, menos Bruxelas'.

Apesar de reconhecer que matematicamente as coligações são favorecidas pelo método de Hondt, usado no sistema eleitoral português, como defendeu na semana passada o antigo secretário-geral e líder parlamentar do PSD António Capucho, Cecília Meireles disse acreditar "que é possível provar que este Governo não é a melhor alternativa para Portugal".

"O segredo de uma vitória numas eleições, e o CDS está empenhado nisso, é precisamente, todos os dias explicar o que este Governo está a fazer de errado e como é possível fazer melhor. Isso, mais do que qualquer efeito do método de Hondt, pode ser o segredo para ganhar umas eleições", protagonizou.

Enquadrando as últimas coligações pré-eleitorais entre centristas e sociais-democratas com a união e estabilidade que eram necessárias a dois parceiros de Governo, Cecília Meireles considerou que "o PSD é um parceiro preferencial do CDS", mas vincou que "são partidos distintos, com matrizes distintas e com práticas e propostas distintas".

A vice-presidente centrista recusou comentar que repercussões terá para o partido a nova liderança do PSD protagonizada por Rui Rio.

"A grande oportunidade para o CDS é sobretudo continuar o seu caminho sabendo que tem um adversário político: o PS e os partidos que o apoiam, PCP, BE e PEV", afirmou, considerando que "não é saudável os partidos estarem sistematicamente a comentar-se uns aos outros".

"Estou concentrada no PS, não estou concentrada em ter demasiadas opiniões no caminho do PSD", sublinhou.

Cecília Meireles reiterou a ideia que Assunção Cristas tem repetido de que nas próximas eleições ganha o bloco político que tiver 116 deputados (em 230) e disse que "o CDS deve ter a ambição de liderar essa alternativa".

"Mal era de um partido que não tivesse ambição. Lembremo-nos do essencial na política: para que é que servem os partidos e essa máquina? Serve para pormos as nossas ideias em prática. A ambição tem de ser máxima", declarou.

"Todos estão confortáveis" com matriz democrata-cristã

Neste sentido, a vice-presidente assegurou que no CDS "todos estão confortáveis com a matriz democrata-cristã e honram essa vivência no dia-a-dia. Não é apenas uma memória, é uma vivência do dia-a-dia".

Por isso, confessou nesta entrevista à agência Lusa, acompanha "com perplexidade" a discussão em curso sobre um alegado pragmatismo da atual liderança por comparação a uma atuação mais vincadamente doutrinária, pedida pela nova tendência 'Esperança em Movimento' (TEM) ou por figuras da ala de Filipe Lobo D'Ávila, que encabeçou uma lista alternativa ao Conselho Nacional no último Congresso.

"Termos um partido aberto, em que todos são bem-vindos, um partido que quer captar novos militantes, novos simpatizantes, um partido que quer falar a muitas pessoas que hoje estão desencantadas com a política, desinteressadas - não é por acaso que a abstenção é crescente - não creio que isso signifique de maneira nenhuma abandonarmos quer os nossos ideais quer a nossa matriz", assinalou.

"Preocupar-me-ia se ouvisse militantes do CDS dizer 'não nos identificamos com as propostas, achamos que vai contra a nossa matriz ideológica, que vai contra as nossas convicções'. Eu não tenho visto isso, tenho visto apenas uma acusação de que o partido está mais pragmático", defendeu Cecília Meireles.

Para a vice-presidente centrista, a forma de manter "viva quer a matriz democrata-cristã, quer as ideias do partido", é precisamente atrair mais pessoas ao CDS, partido que, historicamente, tem vindo a congregar democratas-cristãos, conservadores e liberais.

"Nós queremos trazer cada vez mais pessoas a pensar como nós. Isso não é uma ideia inovadora no partido, sequer", disse, citando um antigo 'slogan' de Paulo Portas, e sublinhando que "a política não pode ser uma discussão de ideologias sem concretizações práticas, pelo contrário, é precisamente juntar as duas coisas".

Admitindo ter ouvido com atenção e consideração a crítica que o deputado Filipe Lobo D'Ávila teceu à vida interna do partido, numa entrevista ao Público na terça-feira, mas considera que "não é justa".

"Não é verdade que o partido esteja excessivamente concentrado na líder. Quem assiste a tudo o que foi a ação do partido nos últimos dois anos percebe que em cada momento houve muitos protagonistas e muito diferentes. Se há coisa que o CDS tem mostrado é que tem equipas capazes quer de estudarem os assuntos quer de apresentarem medidas. O próprio Filipe faz isso aqui no parlamento", disse, lembrando, aliás, que essa ideia já é antiga, referindo-se a Paulo Portas, e considerando que "já nessa altura se percebeu que a crítica não era verdadeira".

Perante uma reunião magna à qual são levadas diversas moções de estratégia global a pedir que o partido retome a eleição da liderança em diretas, Cecília Meireles defende que depois de se ter experimentado os dois métodos, percebeu-se que eleger as direções em Congresso permite "um debate muitíssimo mais aprofundado de ideias e até mais democraticidade interna".

"O método de eleição direta tem um lado bom, que é todos os militantes pronunciarem-se, mas também tem um lado, que tem a ver com o funcionamento interno dos partidos, e temos visto alguns exemplos de um funcionamento que tem a ver com sindicatos de voto e com algumas práticas que poderiam, eventualmente, numas diretas acontecer e que não seriam o método mais democrático", sustentou.

Em 2011, o CDS voltou a estabelecer a eleição da liderança em Congresso, tornando-se o primeiro partido a recuar no método de eleição direta que tinha sido instituído em 2006 por José Ribeiro e Castro.

Apesar de defender que as escolhas são "feitas de uma forma mais lúcida e mais informada" em Congresso, Cecília Meireles admitiu que no futuro possa vir a fazer sentido voltar a diretas ou mesmo abrir a participação a simpatizantes, com eleições primárias, por exemplo.

Questionada sobre a proposta da Juventude Popular na sua moção ao Congresso para voltar a ter um representante em lugar elegível nas listas à Assembleia da República, a dirigente do CDS considerou "absolutamente normal que a JP esteja representada e não precisa de quotas para isso, basta-lhe o mérito que tem mostrado".

Regresso de Manuel Monteiro? "Acho que não faz sentido"

A vice-presidente do CDS-PP escusou-se, neste entrevista à Lusa, a comentar a vontade expressa pelo antigo líder centrista Manuel Monteiro de se refiliar, recordando porém que foi ele quem decidiu sair e fundar outro partido

"Quem decidiu abandonar o CDS e fazer outro partido foi o doutor Manuel Monteiro. Ouvi falar de uma hipótese, não vou comentá-la, acho que não faz sentido", afirmou Cecília Meireles.

Na semana que antecede o 27.º Congresso do CDS-PP, o antigo líder Manuel Monteiro, que abandonou os centristas para criar o partido da Nova Democracia, entretanto extinto, admitiu numa entrevista à SIC, a hipótese de voltar ao partido.

Esta disponibilidade foi saudada pelo conselheiro nacional e ex-deputado por Aveiro Raúl Almeida e também pelo porta-voz da tendência 'Esperança em Movimento' (TEM), Abel Matos Santos.

Monteiro afirmou que gostaria de ter sido convidado e que, nesse caso, iria ao Congresso, embora considerando "perfeitamente natural que a presidente do CDS tenha entendido convidar apenas os presidentes que ainda são filiados" no partido.

"Creio que a presidente do CDS pode ter pensado que isso ia reavivar algum tipo de confrontos ou conflitos entre mim e o doutor Paulo Portas e, portanto, admito que queira ter ficado equidistante desse tipo de conflito", afirmou.

O antigo presidente do CDS disse ter "muitos pontos em comum" com as ideias defendidas na moção da Juventude Popular e na moção da tendência 'Esperança em Movimento', de Abel Matos Santos, elogiando igualmente a moção setorial de Nuno Melo sobre Europa.

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