"Prevejo um ano de guerra surda, às vezes feia, entre a Geringonça"
Na ótica de Miguel Sousa Tavares a lua-de-mel entre os partidos que compõem a solução governativa em vigor já acabou e este ano a relação vai começar a azedar.
© Global Imagens
Política Sousa Tavares
Até aqui viveu-se o “tempo das reposições” - salários dos funcionários públicos e pensões – mas daqui para a frente a ‘música’ vai ser outra e a probabilidade de os partidos que compõem a maioria parlamentar desafinarem uns com os outros é elevada.
“Viveu-se uma lua-de-mel até agora entre os parceiros de governação, mas a partir daqui vai entrar a disputa entre eles porque, essencialmente, vão disputar em grande parte o mesmo eleitorado”, disse Miguel Sousa Tavares no seu comentário semanal na antena da SIC.
Nesta senda, o escritor recordou que se até 2018 a questão era a “reposição de salários, pensões e direitos”, a partir deste momento a problemática é outra, subindo de nível para os aumentos, algo que Sousa Tavares não acredita que possa acontecer, tendo em conta que já “houve reposição das carreiras dos funcionários públicos”.
E aqui entra outra questão que é a “diferença” existente entre funcionários públicos e os trabalhadores do setor privado onde “há muitos trabalhadores que há 12 anos não têm aumentos e que têm muito menos privilégios do que os existentes na Função Pública”.
“E esses também vão a votos”, sublinhou o comentador, explicando que o “PS tem de estar atento a eles tal como está atento aos funcionários públicos”.
Por tudo isto, Sousa Tavares considera poder “prever um ano [2018] de disputa, de guerra surda que às vezes vai ser feia entre os partidos” que compõem a Geringonça.
“Aliás, este fim de semana isso já foi visível com Jerónimo de Sousa a dar caneladas à direita no PS e à esquerda no Bloco. Vai ser assim até ao final do ano”, referiu, defendendo ainda assim que o Orçamento do Estado para 2019 será aprovado, pois caso contrário haverá uma forte possibilidade de queda do Governo.
“Eles [Bloco e PCP] vão fazer passar o Orçamento. Vão fazer o seu número, dizer que são contra e que o PS está a virar à direita, mas vão fazer passar”, rematou Miguel Sousa Tavares.
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