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Síria nega ter sido informada por Ancara de ataque a Afrine

O regime sírio negou hoje ter sido informado por Ancara da operação militar turca contra Afrine, uma região controlada pelos curdos no norte da Síria em guerra.

Síria nega ter sido informada por Ancara de ataque a Afrine
Notícias ao Minuto

20:38 - 20/01/18 por Lusa

Mundo Tensão

"A Síria nega totalmente as afirmações do regime turco segundo as quais foi informada desta operação militar", declarou uma fonte do ministério dos Negócios Estrangeiros sírio à agência noticiosa oficial Sana.

A mesma fonte "condenou firmemente a brutal agressão da Turquia a Afrine, que é parte integrante do território sírio".

A Turquia lançou hoje uma ofensiva terrestre e aérea contra uma milícia curda que considera ser uma organização terrorista na região de Afrine, com cerca de 360 cidades e aldeias, no norte do território sírio.

O exército turco anunciou que a operação, batizada como "Ramo d'Oliveira", começou às 14:00 TMG (e de Lisboa) e tem como um dos alvos o aeroporto militar de Minnigh, segundo a agência de imprensa turca Anadolu, que refere um total de 108 alvos atingidos.

"Informámos todas as partes do que estamos a fazer. Até informámos o regime sírio por escrito", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Cavusoglu, na estação televisiva 24 TV.

"Apesar de não termos relações com o regime, atuámos em conformidade com o direito internacional", acrescentou.

Horas antes, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, declarara, num discurso televisivo, referindo o nome do enclave controlado pelos curdos: "A operação Afrine começou 'de facto' no terreno".

Afrine é controlada pelas Unidades de Proteção do Povo (YPG), uma milícia curda aliada dos Estados Unidos na luta contra o grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI).

A perspetiva de uma ofensiva turca de grande envergadura na Síria preocupa Washington e Moscovo também expressou hoje a sua preocupação.

Ancara acusa as YPG de serem o braço sírio do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que lidera um movimento rebelde no sudeste da Turquia.

Após o início da ofensiva, o Reino Unido afirmou entender o "interesse legítimo" da Turquia de reforçar a segurança das suas fronteiras e um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros indicou que Londres "está a seguir atentamente" os desenvolvimentos na região de Afrine.

"A Grã-Bretanha debateu regularmente com as autoridades turcas as questões relativas ao conflito sírio, com o objetivo comum de reduzir a violência e alcançar um acordo político", disse o porta-voz, citado pela agência noticiosa francesa AFP.

Afrine, uma região montanhosa durante muito tempo dedicada à agricultura e conhecida pelos seus olivais situados em encostas, foi a primeira zona onde os curdos da Síria instalaram uma administração autónoma em 2012, uma espécie de laboratório para o seu modelo de autonomia.

Situada no noroeste da província de Alepo, é rodeada pela Turquia a oeste e a norte e por regiões controladas por rebeldes sírios pró-Ancara a sul e a leste.

A única via para o mundo exterior é uma estrada para Alepo, a segunda cidade da Síria, a 60 quilómetros da cidade de Afrine.

"É a única porta de saída para a região de Afrine, que está quase totalmente sitiada", considerou o diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman.

"Na maioria das vezes, essa estrada está aberta, mas combatentes das localidades de Nebbol e Zahra cortam-na em algumas circunstâncias", acrescentou.

Em 2011, após o início da guerra na Síria, os curdos, concentrados no norte do país, adotaram maioritariamente uma "posição de neutralidade" em relação ao poder e aos rebeldes.

Em 2012, após a retirada das forças governamentais da região, Afrine tornou-se a primeira região curda a escapar ao controlo do regime do Presidente Bachar al-Assad, e caiu nas mãos da milícia curda YPG.

Fotos de Abdullah Öcalan, o líder histórico encarcerado do PKK, organização classificada como "terrorista" por Ancara, surgem por todo o lado em Afrine.

Os líderes curdos na Síria utilizam então Afrine como um laboratório de ensaio de um modelo de administração autónoma que será mais tarde aplicado a outras regiões curdas do país.

Os habitantes estão a começar a falar a língua curda, há muito proibida pelo Governo sírio, a abrir escolas e centros culturais e a formar forças de segurança.

Mais de um milhão de pessoas, entre as quais milhares de deslocados devido ao conflito, vivem na região montanhosa de Afrine, cuja topografia permitiu aos combatentes curdos consolidarem as suas posições cavando trincheiras para repelir os ataques rebeldes.

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