Declarações de Macron sobre Estado e Igreja causam indignação
As declarações do Presidente francês, Emmanuel Macron, sobre querer "consertar o elo danificado" entre a Igreja e o Estado causaram a indignação de várias figuras, especialmente à esquerda.
© Reuters
Mundo França
O Presidente disse, durante um discurso na Conferência de Bispos segunda-feira à noite, que queria "consertar" os vínculos entre a Igreja e o Estado através de um "diálogo verdadeiro".
"Um Presidente da República que alega estar desinteressado da Igreja e dos católicos fracassaria no seu dever", sublinhou Emmanuel Macron.
Num país onde o princípio do secularismo foi ancorado depois de 1905 por uma lei sobre a separação da Igreja e do Estado, as declarações de Macron imediatamente despertaram uma enxurrada de reações indignadas.
O ex-primeiro-ministro socialista Manuel Valls, lembrou no Tweeter que "laicidade é a França".
"O secularismo é a nossa joía, é isso que um Presidente da República deve defender", segundo o novo chefe do Partido Socialista, Olivier Faure.
A esquerda radical também criticou o discurso que classificou de "irresponsável".
"Macron em completo delírio metafísico: insuportável. Esperamos por um presidente, ouvimos um sub-pastor", disse Jean-Luc Mélenchon em um 'tweet'.
O porta-voz do partido, Alexis Corbière, denunciou um "discurso indigno de um Presidente de uma República secular (...).
O ministro do Interior, que tem a cargo as relações com os cultos, apoiou hoje Emmanuel Macron.
"O que ele diz é que: no homem, não existe apenas uma materialidade, há uma busca pelo absoluto, pela espiritualidade, para dar sentido à sua vida", disse.
A França é, segundo a lei de 1905, uma República secular, com um estado neutro, separado das religiões. Este princípio é defendido por muitos franceses.
De acordo com uma pesquisa publicada em 2017 pelo Instituto WinGallup, 50% dos franceses declaram-se ateus ou sem religião, em comparação com 45% que dizem ser religiosos.
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