A ofensiva de Bashar al-Assad contra o enclave rebelde de Ghouta Oriental parece não ter fim à vista. Um grupo de ativistas de Douma, um dos principais centros urbanos da cidade localizada a cerca de 10 quilómetros de Damasco, disse à Al Jazeera que pelo menos 42 pessoas morreram no domingo em ataques atribuídos ao regime sírio e às forças russas.

Douma tornou-se um principais focos dos bombardeamentos. A localidade já está completamente cercada pelas forças sírias, isto depois de o regime ter assumido o controlo de Mesraba, uma localidade vizinha.

As pessoas que ainda estão em Douma dizem que enfrentam uma situação “catastrófica”, agravada à medida que o exército se aproxima, sendo que, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, grupo como sede em Londres e uma rede de ativistas no local, Ghouta Oriental está agora divida em três: Douma, Harasta a oeste e o resto das localidades a sul, o que faz com que Douma esteja isolada.

Neste localidade, centenas de famílias procuram refúgio nas ruas e nos jardins públicos, uma vez que os abrigos subterrâneos estão completamente sobrelotados.

Devido à intensidade dos bombardeamentos, os enterros estão suspensos e a situação humanitária é cada vez mais complexa. “Depois de 20 dias de uma campanha bárbara, isso levou a uma deterioração da situação humanitária para um nível catastrófico”, afirmou o governador local de Douma à Reuters.

Enquanto o regime e o seu aliado russo continuam a ofensiva, Moscovo diz que, no domingo, foram retirados 52 civis, incluindo 26 crianças, de Ghouta Oriental. Os civis foram levados para um campo provisório de refugiados  onde estão a receber tratamento médico, afirmou fonte militar russa em comunicado.

No entanto, as equipas de ajuda humanitária que têm tentado entrar em Ghouta Oriental continuam a denunciar as condições precárias para sua intervenção, uma vez que os bombardeamentos continuam. Para além disso, as instalações médicas estão em péssimas condições e muitos civis continuam sem acesso a qualquer tipo de assistência.

Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, a ofensiva do regime, que já controla cerca de 60 % do enclave rebelde, contra Ghouta Oriental, que começou no dia 18 de fevereiro, já causou a morte de 1.099 civis nos últimos 21 dias, incluindo 227 crianças e 145 mulheres. Pelo menos 4.348 pessoas ficaram feridas.

Desde o início da Guerra da Síria, em 2011, pelo menos 511 mil pessoas morreram, números do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que diz ter identificado cerca de 350 mil das vítimas mortais. Nos restantes 160 mil casos, as mortes foram registadas mas não foi possível apurar a identidade das vítimas. Dos mais de 511 mil mortos no conflito, cerca de 85% são civis.