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Centenas em protesto contra fraude eleitoral e reeleição do Presidente

Centenas de hondurenhos protestaram na sexta-feira nas ruas da capital, Tegucigalpa, contra a suposta fraude nas eleições e a potencial reeleição do Presidente Juan Orlando Hernández, numa altura em que as autoridades eleitorais ainda analisam o processo.

Centenas em protesto contra fraude eleitoral e reeleição do Presidente
Notícias ao Minuto

06:30 - 09/12/17 por Lusa

Mundo Honduras

Os manifestantes, incluindo alguns a bordo de motociclos, carregaram tochas, bandeiras azuis e brancas (as cores da bandeira nacional), bem como vermelhas, da Aliança da Oposição contra a Ditadura, partido do candidato presidencial Salvador Nasralla.

Também exibiram cartazes com mensagens contra a suposta fraude alegadamente forjada contra Nasralla para dar a vitória a Hernández, Presidente cessante e candidato a uma polémica reeleição, ecoando 'slogans' como "Não à reeleição!" ou "Fora JOH" (Juan Orlando Hernández).

"Convidamos os candidatos hondurenhos a impugnar o processo porque é sujo e invalida a vontade do povo", disse aos jornalistas a dirigente do movimento Oposição Indignada, Gabriela Blen, citada pela agência de notícias espanhola Efe.

O protesto, que teve início numa avenida de Tegucigalpa, rumou em direção à embaixada dos Estados Unidos, guardada por polícias, onde os manifestantes exigiram uma "solução rápida" para a crise política pós-eleições, e entregaram uma petição na qual pedem a Washington para que, caso tome uma posição sobre o assunto, "se coloque ao lado do povo e da democracia" nas Honduras.

"Já não aguentamos mais. Estamos cansados de Juan Orlando Hernández e do seu regime. Vamos continuar pacificamente na rua mas a lutar para que o povo hondurenho seja respeitado", sublinhou Gabriela Blen, apontando que os manifestantes, entre os quais Iroska Elvir, mulher de Nasralla, exigem que se respeite a democracia e a vontade do povo expressa nas eleições, cujos resultados oficiais dão, no entanto, vitória a Hernández, candidato pelo Partido Nacional (no poder).

"As pessoas saíram [para a rua] para dizer 'não' a Juan Orlando Hernández, para pedir respeito pela sua vontade e para denunciar a grande fraude" que se registou nas eleições, sublinhou Iroska Elvir, indicando que irão continuar a defender o triunfo do seu marido.

Nasralla declarou-se Presidente eleito no mesmo dia das eleições de 26 de novembro, algo que também fez Hernández, antes de o Supremo Tribunal Eleitoral (TSE) publicar os primeiros resultados oficiais na madrugada do dia seguinte.

De acordo com os resultados oficiais, Juan Orlando Hernández, conquistou a reeleição, com 42,98% dos votos, enquanto o seu adversário de esquerda, Salvador Nasralla, obteve 41,38%. No entanto, o TSE recusou na altura declarar um vencedor, enquanto não expirasse o prazo de recurso e de impugnação dos resultados, que terminou precisamente esta sexta-feira.

A manifestação tem portanto lugar numa altura em que o TSE procede à recontagem de votos de 4.753 assembleias, um processo que iniciou na noite de sexta-feira e que pode levar quatro a cinco dias.

Nasralla afirmou na sexta-feira que o país ficará ingovernável se o TSE proclamar Hernández vencedor, e criticou a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a encarregada de negócios da embaixada dos Estados Unidos em Tegucigalpa, Heide Fulton, por monitorizarem a recontagem especial.

Além disso, voltou a propor a revisão de todas as atas por uma entidade internacional, que entende que deveria ser criada pela OEA, e mesmo a repetição das eleições.

Não existe segunda volta nas Honduras pelo que simplesmente ganha o candidato que conquistar mais votos.

O Presidente cessante foi eleito em 2013, após eleições já então contestadas pela esquerda. Desta vez, conseguiu recandidatar-se, em violação de um dos princípios consagrados na Constituição do país, porque obteve para tal a autorização do próprio Tribunal Constitucional.

Com cerca de nove milhões de habitantes, as Honduras são um pequeno país no centro do "triângulo da morte" da América Central, minado por gangues que apresenta uma das mais elevadas taxas de homicídio do mundo.

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