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Rohingyas continuam a fugir apesar de acordo de repatriamento

Os membros da minoria muçulmana 'rohingya' continuam a fugir da Birmânia (atualmente Myanmar) e a procurar refúgio no Bangladesh apesar do acordo de repatriamento assinado na semana passada pelos dois países vizinhos, indicaram hoje responsáveis locais.

Rohingyas continuam a fugir apesar de acordo de repatriamento
Notícias ao Minuto

13:46 - 27/11/17 por Lusa

Mundo Birmânia

Desde o anúncio do acordo, na passada quinta-feira, pelo menos 3.000 rohingyas atravessaram a fronteira em direção ao Bangladesh, nomeadamente para Cox's Bazar (o distrito bangladeshiano que faz fronteira com a Birmânia, onde a maioria dos refugiados está instalada), segundo o último relatório das Nações Unidas relacionado com esta crise humanitária, já classificada como uma das mais graves do início do século XXI.

"O número de chegadas diminuiu, mas não parou", confirmou, em declarações à agência noticiosa francesa France Presse (AFP), o tenente-coronel S.M. Ariful Islam, da guarda fronteiriça do Bangladesh.

Segundo o responsável local, os elementos da guarda fronteiriça registaram a entrada de pelo menos 400 refugiados 'rohingyas' desde a assinatura do acordo.

Na passada quinta-feira, em Naypyidaw, Birmânia e Bangladesh acordaram os critérios para um possível repatriamento dos membros da minoria muçulmana rohingya que, desde outubro de 2016, têm entrado em território bangladeshiano.

O texto gerou ceticismo entre as organizações humanitárias e foi encarado com desconfiança pela própria comunidade rohingya.

Um dia depois da assinatura do acordo, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) advertiu que as condições para assegurar um regresso "seguro e duradouro" à Birmânia dos 'rohingyas' estão atualmente comprometidas.

Por exemplo, aqueles que regressarem ao território birmanês terão de viver inicialmente em abrigos ou campos de acolhimento temporários.

Apesar das primeiras movimentações terem começado em outubro do ano passado, o atual êxodo dos rohingyas teve início no final de agosto, quando foi lançada uma operação militar do exército birmanês contra o movimento rebelde Exército de Salvação do Estado Rohingya devido a ataques da rebelião a postos militares e policiais.

Perto de 624.000 rohingyas terão fugido da campanha de repressão do exército birmanês, já classificada pela ONU como uma limpeza étnica.

O Estado birmanês, um país mais de 90% budista, não reconhece esta minoria e impõe múltiplas restrições aos rohingyas, nomeadamente a liberdade de movimentos.

Desde que a nacionalidade birmanesa lhes foi retirada em 1982, os 'rohingyas' têm sido submetidos a muitas restrições: não podem viajar ou casar sem autorização, não têm acesso ao mercado de trabalho, nem aos serviços públicos (escolas e hospitais).

Esta crise desencadeou uma vaga de críticas à líder de facto da Birmânia, Aung San Suu Kyi.

A Nobel da Paz (1991) foi acusada de ter esquecido os Direitos Humanos e de ter minimizado a situação denunciada pelas vítimas.

Em plena crise rohingya, o papa Francisco iniciou hoje uma visita apostólica à Birmânia e ao Bangladesh, deslocação que se prolonga até sábado.

As autoridades da Birmânia impuseram restrições à imprensa internacional e o pontífice foi aconselhado a não usar a palavra rohingya, de forma a evitar um eventual incidente diplomático e religioso.

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