Foi aprovada pelo parlamento catalão a declaração unilateral da independência (DUI). A votação conclui-se há instantes, tendo vencido o ‘sim’. Contaram-se 70 votos a favor, dez contra, e dois em branco, num órgão composto por um total de 135 deputados.
A moção independentista foi apresentada pelos partidos separatistas, que pretendem estabelecer “uma República catalã como Estado independente", mas obteve rapidamente o repúdio dos partidos que se opõe à independência daquela região autónoma espanhola.
Por essa razão, antes de se iniciar a votação, os deputados do Ciudadanos (Cs), do Partido dos Socialistas da Catalunha (PSC) e do Partido Popular da Catalunha (PPC) abandonaram o hemiciclo em protesto. No seu lugar, alguns deixaram a bandeira de Espanha.
Confirmada a DUI, os deputados do bloco soberanista começaram a cantar o hino catalão (Els Segadors), e no exterior do Parlament, entre os centenas de catalães separatistas, ouviram-se gritos como "Viva a Catalunha".
Deputados do bloco soberanista começaram a cantar o hino catalão© Reuters
Menos satisfeito ficou o primeiro-ministro de Espanha, que na rede social Twitter pediu "tranquilidade a todos os espanhóis", garantindo que "o Estado de Direito restaurará a legalidade na Catalunha". Mariano Rajoy havia já afirmado, esta manhã, que "medidas excecionais devem ser tomadas quando não há outro remédio".
Pido tranquilidad a todos los españoles. El Estado de Derecho restaurará la legalidad en Cataluña. MR
— Mariano Rajoy Brey (@marianorajoy) October 27, 2017
Entretanto, o Tribunal Constitucional já veio esclarecer que a votação que decorreu esta tarde no Parlament não terá efeito.
Pouco tempo após esta votação, chegada nova 'bomba'. O Senado aprovava a aplicação do artigo 155.º da Constituição espanhola e a consequente suspensão da autonomia catalã. A votação contou com 214 votos a favor, 47 contra e uma abstenção.
Votación y video del acuerdo económico y comercial global entre Canadá y la #UE https://t.co/gFSPUaz2cg pic.twitter.com/A5NOp8w2oE
— Senado de España (@Senadoesp) 27 de outubro de 2017
Esta ativação implica a destituição do presidente da Catalunha e de todos os membros do seu executivo, a limitação das competências do parlamento regional e a marcação de eleições num prazo de seis meses. Saliente-se, contudo, que a votação da DUI poderá levar à detenção de Carles Puigdemont. O presidente do governo catalão pode vir a ser acusado de rebelião, um crime punível com 30 anos de prisão.
Aparentemente pouco preocupado com esta possibilidade, e na primeira intervenção pública após a votação, Puigdemont falou aos milhares de catalães que acompanharam a votação no parque da Ciudadela, em Barcelona, para insistir na legitimidade do processo separatista.
"Como sempre foi e sempre será", são as instituições e os cidadãos que, "em conjunto, de forma inseparável, constroem o povo e a sociedade", disse, acrescentando que "nos dias que se seguem, temos de manter os nossos valores de pacifismo e dignidade. Está nas nossas, nas vossas mãos, construir a república", afirmou o presidente da Generalitat.
Catalunya és i serà terra de llibertat. Al servei de les persones. En els moments difícils i en els moments de celebració. Ara més que mai
— Carles Puigdemont (@KRLS) 27 de outubro de 2017
Carles Puigdemont disse ainda que, com a votação de hoje, o parlamento regional "cumpriu um passo há muito desejado" e "culminou o mandato das urnas", referindo-se ao referendo sobre a independência de 1 de outubro.