"Esperamos a declaração unilateral de independência (DUI) e depois temos de defender o nosso parlamento, assim como todas as novas instituições do novo país", disse Joan, de 63 anos, à agência Lusa, confessando que espera por este dia "há muitos anos".
Os movimentos separatistas estão desde esta madrugada a convocar a população para se juntar no passeio de Picasso a partir das 10h30 (09h30 de Lisboa), uma grande avenida mesmo ao lado do parlamento regional que a polícia já interrompeu ao trânsito desde as primeiras horas da manhã.
"O PP [Partido Popular, de direita, no poder em Madrid] quer tomar conta de tudo, mas não tem a maioria aqui na Catalunha", assegura Joan, ao mesmo tempo que confessou estar "inquieta" pelo que pode acontecer nos próximos dias.
Ao mesmo tempo que, em Barcelona, o parlamento regional, com uma maioria de deputados independentistas, se prepara para aprovar a DUI, na capital espanhola, a cerca de 600 quilómetros, o Senado irá aprovar uma intervenção direta do Estado na Catalunha.
Entre as medidas previstas estão a destituição do executivo catalão, controlar a polícia regional (Mossos d'Esquadra) e a administração pública, até à realização de eleições regionais num prazo de seis meses.
"Quando [o chefe do Governo regional Carles] Puigdemont for declarado presidente da nossa República, os espanhóis já não têm autoridade para o prender", acredita Olatz, uma catalã de 42 anos, com uma bandeira do novo país na mão.
O parlamento regional tem uma maioria de 72 deputados pró-independência num total de 135 representantes desde 2015, o que lhes permitiu organizar e realizar um referendo em 01 de outubro sobre a autodeterminação da Catalunha.
"Vamos declarar nulas as decisões de Espanha e em seguida organizar eleições constituintes", garante Jalma, um apoiante do Òmnium Cultural, uma das organizações cívicas que lutam pela separação de Espanha.
Este independentista está admirado por o Estado espanhol ainda não ter enviado a polícia nacional e muito contente por, a partir de agora, entrar em vigor a "legalidade catalã".
"O mais importante é continuarmos mobilizados e organizados como até aqui", conclui.
No dia do referendo, há quase quatro semanas, votaram 43% dos eleitores inscritos, tendo escolhido o "sim" à independência 90 %, segundo o Governo regional, tendo os "constitucionalistas" (defensores da união com Espanha) boicotado a consulta, ficando em casa.
"O momento da DUI é um sonho que os catalães esperam há séculos", afirma Josep, de 57 anos, emocionado, assegurando que o novo país terá de ser "acompanhado e protegido nos primeiros anos de vida".
Ao lado, Montse, de 55 anos, não estava tão segura: "É verdade que há muitos anos esperamos por este momento, mas não sei o que vai acontecer amanhã", disse.
O chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, deverá convocar uma reunião extraordinária do seu executivo ainda hoje ou no sábado de manhã para tomar as primeiras medidas para que a Catalunha regresse à "legalidade institucional".