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Martin Luther King: Símbolo da luta não-violenta com ou sem Nobel da Paz

Há 53 anos Martin Luther King recebeu o Prémio Nobel da Paz pelo movimento não-violento que liderava na luta contra a discriminação racial nos Estados Unidos. Um prémio que questionou durante um discurso que ficou para a história, tal como ele próprio numa vida marcada pela luta dos direitos civis.

Notícias ao Minuto

08:20 - 14/10/17 por Fábio Nunes

Mundo Efeméride

É uma das figuras maiores da história mundial. Ainda hoje, quase 50 anos depois da sua morte, o nome de Martin Luther King Junior continua a ser sinónimo da luta pela igualdade racial e pelos direitos humanos. As suas ideias continuam a servir de inspiração para milhões de pessoas.

Foi exatamente por ser o símbolo maior do movimento da luta não-violenta (Martin Luther King seguiu o exemplo de Mahatma Ghandi) pelo fim da discriminação racial nos Estados Unidos na década de 60 que Martin Luther King foi premiado com o Nobel da Paz em 1964, faz hoje precisamente 53 anos. O Comité do Nobel não teve dúvidas em atribuir o prestigiado prémio ao pastor protestante, uma forma de reconhecimento pela longa e dura luta de King pela igualdade racial em todos os estados norte-americanos.

Nascido em 1929, no seio de uma família de pastores da igreja Batista, Martin Luther King tornou-se também ele pastor e em 1955 iniciou a sua luta para convencer o Governo norte-americano de que as políticas de segregação racial nos estados sulistas do país eram ilegais. O caminho escolhido, da não-violência, não agradou a todos os grupos de defesa dos direitos dos afro-americanos. Perante a violência de grupos racistas como o Ku Klux Klan, Martin Luther King respondeu sempre com uma campanha pacífica.

Essa sua postura valeu cada vez mais apoiantes. O movimento cresceu e em 1963 250 mil pessoas marcharam até ao Lincoln Memorial, em Washington, onde Martin Luther King proferiu o discurso que ficou celebrizado pela frase 'I Have a Dream' ('Eu tenho um sonho'). King ganhou um lugar na história com esse discurso e um ano depois o presidente Lyndon B. Johnson assinou o Civil Rights Act, a lei que acabou com a segregação racial em locais públicos e com a discriminação no emprego com base na cor, raça, religião, género ou país de origem.

Notícias ao Minuto[Martin Luther King mantém-se como um símbolo da luta dos direitos civis e contra a discriminação social]© Getty Images

Martin Luther King recebeu nesse mesmo ano o Prémio Nobel da Paz mas manteve a humildade no seu discurso e questionou o motivo pelo qual recebia o prémio. "Devo perguntar porque é que este prémio é atribuído a um movimento que está sitiado e que se compromete com uma luta incessante; a um movimento que não conquistou a paz e a irmandade que é a essência do Prémio Nobel", afirmou King no seu discurso de atribuição do prémio.

Tal com acontece com o discurso 'I Have a Dream', muitas das frases e palavras que Martin Luther King proferiu no discurso do Nobel ainda ressoam e fazem sentido na atualidade. "Mais cedo ou mais tarde, todas as pessoas do mundo vão ter de descobrir uma forma de viverem em conjunto em paz, e dessa maneira transformar esta elegia cósmica pendente num salmo criativo de irmandade. Se isto for atingido, o homem deve evoluir de todo o conflito humano para um método que rejeita a vingança, a agressão e a retaliação. A fundação de tal método é o amor".

Mas a luta de Martin Luther King ainda estava longe do fim. Apesar da Civil Rights Act ter proibido a discriminação no ato de votar, as organizações dos direitos civis continuavam a enfrentar dificuldades para registar os eleitores negros em estados sulistas, como o do Alabama. A localidade de Selma tornou-se o centro da campanha de registo de eleitores e Martin Luther King planeou uma marcha que partia de Selma até Montgomery, também no estado do Alabama. Um grupo de 600 pessoas iniciou no domingo 7 de março a marcha que não foi muito longe. As autoridades do Alabama iniciaram uma carga violenta sobre a multidão na ponte Edmund Pettis.

As imagens das autoridades a espancarem a multidão com cassetetes e a chicotearem os manifestantes num dia que ficou conhecido como 'Domingo Sangrento' chocaram os americanos. Mais pessoas e líderes religiosos juntaram-se ao movimento. Dois dias depois o próprio Martin Luther King liderou uma segunda marcha, mas viu-se obrigado a voltar para trás, pois a polícia estatal bloqueou a estrada.

A terceira marcha, que partiu de Selma no dia 21 de março foi bem sucedida. O presidente Lyndon Johnson tomou uma posição e apoiou a marcha, ordenando que a Guarda Nacional do Alabama e o exército protegessem os manifestantes durante o percurso até Montgomery, onde chegaram no dia 25 de março.

Notícias ao Minuto[Martin Luther King liderou os manifestantes na marcha de Selma]© Getty Images

Em agosto desse ano, Martin Luther King e as organizações dos direitos civis conquistaram mais um objetivo, com o congresso norte-americano a aprovar a Voting Rights Act que concedeu o direito de voto a todos os afro-americanos.

Martin Luther King continuou a lutar pelos direitos civis e a defender as minorias. O homem que já tinha atingido um estatuto ímpar só foi parado no dia 4 de abril de 1968, quando foi morto na varanda de um motel em Memphis, onde iria liderar uma marcha de protesto com o objetivo de apoiar os trabalhadores do lixo da cidade que estavam em greve. Atualmente ainda se discute se James Earl Ray, que confessou ter assassinado Martin Luther King, agiu sozinho ou a mando de alguma agência dos serviços secretos norte-americanos.

Numa altura em que os direitos civis e a discriminação racial voltam a estar em foco nos Estados Unidos e não só, as ideias de Martin Luther King continuam a servir de inspiração e a sua imagem é o símbolo da luta pacífica porque, tal como disse no seu discurso do Nobel, "a paz é mais preciosa que diamantes ou prata ou ouro".

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