"Foram feitas três detenções nas últimas 24 horas", indicou fonte do executivo local à agência noticiosa francesa AFP, sem facultar a identidade dos detidos.

Essas três detenções juntaram-se à de El Mortada Iamrachen, figura conhecida dos protestos detido na tarde de sábado perto da sua casa em Al-Hoceïma, segundo informação revelada por fonte próxima do movimento de contestação e confirmada à AFP, ao final do dia, por fonte oficial.

Al-Hoceïma figura como o epicentro do 'hirak' (a mudança), um movimento que reivindica há sete meses o desenvolvimento do Rif, uma região historicamente rebelde e geograficamente isolada, que os contestatários consideram "marginalizada".

El Mortada Iamrachen, que se manifesta regularmente nos meios de comunicação social, encarna a ala moderada do movimento, com um discurso pacifista e menos intransigente.

As principais figuras do movimento de contestação, incluindo o seu líder Nasser Zefzafi, foram detidas pela polícia marroquina desde 29 de maio, depois de Zefzafi ter interrompido, dias antes, a prédica oficial de um imã numa mesquita.

Segundo os mais recentes dados, até à data, foram presentes à justiça 86 pessoas, das quais cerca de 30 foram colocadas em prisão preventiva, acusadas de crimes graves como "atentado à segurança interna".

Segundo os 'media' marroquinos, as famílias dos detidos preparam um grupo de acompanhamento, com o principal objetivo de "militar" pela sua libertação.

As manifestações prosseguem a um ritmo diário há 15 dias nas ruas de Al-Hoceïma, bem como na localidade vizinha de Imzouren, outro foco de protesto.

As manifestações, que se têm realizado à noite devido ao Ramadão, têm decorrido, na maioria das vezes, sem incidentes.

Na noite de sábado, após o fim do jejum, Al-Hoceïma foi palco de nova concentração, mas a adesão foi inferior à da véspera e o protesto não teve lugar como habitualmente em Sidi Abed, bloqueado pelas forças antimotim, mas num outro bairro vizinho, tendo decorrido sem incidentes, segundo testemunhas.

Em Imzouren, pelo menos 500 pessoas marcharam no bairro periférico de Ait Wa Omar, junto à montanha, constatou um fotógrafo da agência AFP.

Apesar de um clima de tensão inicial devido ao forte dispositivo policial, a manifestação decorreu de forma pacífica, terminando em frente a um hospital em construção.

"Estado corrompido" e "Viva o Rif" foram dois dos 'slogans' do 'hirak' ouvidos no protesto, em que também ecoaram mensagens como "Somos todos Zefzafi" para exigir a "libertação dos prisioneiros".

Imzouren foi palco de confrontos na véspera, bem como há uma semana.