Líder macedónio convoca reunião de emergência após invasão do parlamento
O Presidente da Macedónia, Gjorge Ivanov, convocou hoje uma reunião de emergência com líderes políticos, após manifestantes, maioritariamente apoiantes da maioria conservadora, invadirem o parlamento e atacarem deputados da oposição, fazendo 77 feridos.
© Reuters
Mundo Macedónia
Não é certo se os líderes da oposição irão participar e a tensão política mantém-se hoje alta, após os confrontos de quinta-feira, que duraram várias horas e deixaram 77 pessoas feridas, a maioria com ferimentos ligeiros.
Centenas de manifestantes invadiram o hemiciclo após ter sido divulgado que o Partido Social-Democrata (SDSM) e os três partidos albaneses com representação parlamentar tinham elegido, após o final da sessão, um novo presidente do parlamento, o albanês Talat Xhaferi.
Entre os feridos nos confrontos figuram 22 polícias e três deputados, incluindo o líder do SDSM, Zoran Zaev.
O partido do Governo em funções, o conservador VMRO-DPMNE, liderado pelo ex-primeiro-ministro Nikola Gruevski, qualificou esta eleição de "golpe de Estado" porque a sessão parlamentar já tinha terminado e pelo facto de ainda não ter sido formado um Governo desde as legislativas.
O VMRO-DPMNE venceu as eleições de dezembro, mas não conquistou os votos necessários para formar uma maioria no parlamento de 120 lugares.
O Presidente da Macedónia recusou, por seu lado, que o líder dos sociais-democratas, Zoran Zaev, formasse um Governo de coligação com os partidos albaneses, apesar de ter uma maioria parlamentar, com 67 deputados.
Os albaneses representam 20% a 25% da população do país, que ascende a 2,1 milhões.
A União Europeia e os Estados Unidos apelaram em vão a Ivanov para que mudasse de posição, enquanto a oposição instou o VMRO-DPMNE a não jogar a carta étnica e a permitir uma transição pacífica de poder.
No entanto, os simpatizantes de direita protestam diariamente, há semanas, em Skopje, argumentando que um Governo do SDSM e dos partidos albaneses ameaçaria a unidade nacional da Macedónia, pelo que a eleição de Talat Xhaferi para a presidência do parlamento na quinta-feira levou centenas de manifestantes em cólera, alguns com bandeiras e a cantar o hino nacional, a invadir as instalações do hemiciclo.
Em comunicado, o SDSM acusou os rivais conservadores de incitarem à violência e causarem "ódio e divisão" entre os macedónios.
Gjorge Ivanov apelou à calma na noite de quinta-feira e convocou os líderes partidários para uma reunião, a ter lugar hoje, para "analisar a situação e as opções de a ultrapassar".
A União Europeia "condenou vigorosamente" este incidente, com a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, e o comissário para o alargamento, Johannes Hahn, a declararem em comunicado: "A democracia deve seguir o seu curso. Saudamos como positiva a eleição de Talat Xhaferi".
Também a Turquia manifestou "profunda preocupação" pela violência no parlamento e a crise política no país, apelando à formação de um novo Governo segundo princípios democráticos.
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