Meteorologia

  • 01 MAIO 2024
Tempo
16º
MIN 10º MÁX 16º

Demissão de cardeal acusado de não denunciar pedofilia é "contrassenso"

O papa Francisco considerou em entrevista ao diário La Croix "um contrassenso" a demissão do cardeal francês Philippe Barbarin, questionado por não ter denunciado casos de pedofilia e agressões sexuais na sua diocese de Lyon (centro-leste).

Demissão de cardeal acusado de não denunciar pedofilia é "contrassenso"
Notícias ao Minuto

19:40 - 16/05/16 por Lusa

Mundo Papa Francisco

Em declarações à edição de terça-feira do diário, o papa considera que uma eventual demissão do prelado "seria um contrassenso, uma imprudência". E acrescentou: "Veremos após a conclusão do processo. Mas agora, seria declarar-se culpado".

"Segundo os elementos de que disponho, creio que em Lyon, o cardeal Barbarin tomou as medidas que se impunham, conseguiu controlar as coisas", explicou o papa.

"É um corajoso, um criativo, um missionário. Devemos agora esperar pelo seguimento do processo na justiça civil", acrescentou.

Entre outros responsáveis religiosos, o cardeal Barbarin, uma das personagens mais influentes da hierarquia católica francesa, é visado por dois inquéritos por "não-denúncia" de agressões sexuais cometidas sobre jovens entre 1986 e 1991 pelo padre Bernard Preynat.

Este último, em funções até agosto de 2015, foi acusado em 27 de janeiro após ter reconhecido os factos.

"La Parole Libérée", uma associação de defesa das vítimas, censura monsenhor Barbarin por não ter denunciado estes atos à justiça, e quando estava informado desde 2007.

Arcebispo de Lyon desde 2002, o cardeal Barbarin nega ter encoberto estes factos, mas em 25 de abril admitiu "erros na gestão e na nomeação de certos padres".

Numa referência mais geral à pedofilia, o papa Francisco sublinhou "não ser fácil julgar os factos após décadas, num outro contexto". "A realidade não é sempre clara", disse.

"Mas para a igreja, neste domínio, não pode existir prescrição. Por estes abusos, um padre que tem a vocação de conduzir uma criança na direção de Deus, destrói-a. Como disse Bento XVI, deve existir tolerância zero", insistiu, citando o seu antecessor.

Abalada desde há meses por escândalos de pedofilia e de agressões sexuais, a Igreja Católica francesa anunciou a 12 de abril um conjunto de medidas destinada a "trazer à luz" atos de pedofilia nas suas fileiras, incluindo sobre situações mais antigas.

A Conferência dos Bispos de França (CEF) decidiu assim criar células de escuta em cada diocese e formar uma "comissão nacional de peritagem independente" para aconselhar os bispos sobre estas situações.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório