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Observatório denuncia aumento de atos antimuçulmanos

O presidente do Observatório Francês contra a Islamofobia, Zekri Abdellah, disse à agência Lusa que "após o atentado ao Charlie Hebdo em 12 dias houve mais atos antimuçulmanos do que durante todo o ano de 2014".

Observatório denuncia aumento de atos antimuçulmanos
Notícias ao Minuto

11:25 - 06/02/15 por Lusa

Mundo Islamismo

"O balanço é um pouco catastrófico", continuou o representante muçulmano, acrescentando que "até nas redes sociais houve um aumento muito grande de ameaças, sem que as pessoas tenham apresentado queixa".

Zekri Abdellah lamenta que as pessoas tenham entrado em uma "histeria total" depois dos atentados de 7 a 9 de janeiro em Paris, denunciando nomeadamente "o caso de um menino de oito anos que foi interrogado na esquadra" de Nice por alegadamente ter proferido na escola primária frases de solidariedade para com os atacantes do Charlie Hebdo.

"No país dos direitos humanos, não podemos levar uma criança de oito anos para a esquadra. Há uma histeria total desde aqueles eventos, o que não é bom para o viver em comunidade", disse por telefone à agência Lusa.

Face aos ataques reivindicados por grupos islamitas radicais, Zekri Abdellah lamentou a integração de muitos jovens nas fileiras 'jihadistas' na Síria e no Iraque e começou por apontar o dedo às "periferias abandonadas".

"Em França, primeiro é preciso interessar-se pelos jovens. Há anos que criámos guetos de franceses de origem muçulmana, onde há uma taxa de desemprego de quase 50 por cento. Mas também há jovens diplomados que também partiram. Depois, há os que se convertem e que são franceses de raiz e não percebem nada do Islão", elencou.

Na opinião do presidente do Observatório Francês contra a Islamofobia todos estes jovens "são atraídos pelos cantos da sereia que apelam à raiva e a lutar contra as ditaduras", mas "depois, quando se encontram na Síria ou no Iraque, ficam nas mãos de grupos terroristas".

"Agora, é preciso ver como recuperar os que querem regressar porque há muitos. Compreendo a posição dos governos europeus, particularmente do francês, que teme que esses jovens venham apenas para fazer atentados. No entanto, devemos tratar cada caso isoladamente para devolver os jovens ao bom rebanho".

Quanto à mobilização de mais de dez mil militares em todo o país para locais considerados como "sensíveis" pelas autoridades francesas, incluindo mesquitas, Zekri Abdellah referiu que "nem todas as mesquitas estão protegidas" e que "não se pode ter militares e polícia em permanência".

"Protegeram as sinagogas e as escolas judaicas, mas o último ataque de [Amedy] Coulibaly não aconteceu nem numa sinagoga, nem numa escola judaica, aconteceu num supermercado 'kosher'. Podemos proteger locais mais expostos ao risco, mas o terrorismo vai bater a outra porta", concluiu.

Este sábado assinala-se o primeiro mês desde o ataque ao Charlie Hebdo, a 07 de janeiro, perpetrado pelos irmãos Chérif e Saïd Kouachi que mataram 12 pessoas. A 8 de janeiro Amedy Coulibaly disparou contra dois polícias, ferindo um deles mortalmente.

A 09 de janeiro, Amedy Coulibaly atacou um supermercado "kosher" e matou quatro reféns. Os três atacantes, que se conheciam e afirmavam agir em nome de grupos islamitas radicais, foram abatidos num assalto quase simultâneo das forças de ordem a 9 de janeiro.

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