Foram vinte e quatro horas de um dia preenchido para a comunidade internacional, nomeadamente para Israel e o Hamas, que terminaram a primeira fase no acordo de cessar-fogo, proposto por Trump.
A troca de reféns por prisioneiros
Durante a manhã desta segunda-feira, Israel devolveu quase 1.968 prisioneiros palestinianos à Faixa de Gaza. O grupo de quase dois mil chegou a Ramallah, na Cisjordânia, em diversos autocarros, que, ao chegarem, foram recebidos por uma multidão de centenas em êxtase, onde sorrisos e lágrimas marcaram o momento.
Ao outro lado da fronteira, regressaram vinte reféns do Hamas (os últimos vivos em cativeiro) às mãos israelitas. O cenário a que chegaram não foi muito diferente do que acontecia em Ramallah, com famílias a reunirem-se com abraços apertados após dois anos de separação.
Veja aqui as imagens.
Como parte do acordo, foram ainda entregues a Israel quatro corpos de reféns que morreram durante o cativeiro. Inicialmente, estavam previstos ser entregues 28, contudo, o Hamas alega não ter a certeza de onde estarão os restantes.
Four coffins of deceased hostages have been escorted by Israel Police forces to the National Center of Forensic Medicine in Abu Kabir, where the identification process will continue.
— Israel Police (@israelpolice) October 13, 2025
Forensic Identification officers and volunteers from the Police Dental Identification Unit are… pic.twitter.com/W1EXWEH6Rw
A situação levou o ministro da Defesa de Israel a fazer uma publicação no X, onde acusava o Hamas de estar (já) a violar o acordo se atrasasse a entrega dos corpos.
"O anúncio do Hamas sobre o retorno esperado de quatro corpos hoje constitui um incumprimento dos seus compromissos", afirmou, dizendo que "qualquer atraso ou evasão deliberada será considerado uma violação flagrante do acordo e será tratado como tal".
Trump faz visita relâmpago a Israel: "Amanhecer histórico de um novo Médio Oriente"
Enquanto isso, no espectro político, o presidente dos Estados Unidos - cujo plano de 20 pontos foi o que possibilitou o cessar-fogo - dirigiu-se a Israel, logo pela manhã de segunda-feira, para falar perante o Knesset (parlamento israelita).
Donald Trump sublinhou que a guerra tinha terminado, escrevendo mesmo no livro de visitas do Knesset: "É uma grande honra para mim - um dia grandioso e lindo. Um novo começo".
No discurso, o presidente norte-americano começou por descrever a "grande honra" que é estar "num belo lugar", salientando que este "é o fim da era do terror e da morte e do início da era da fé e da esperança e de Deus".
"É o início do grande acordo e da harmonia duradoura para Israel e para todas as nações do que em breve serão uma região verdadeiramente magnífica. Acredito nisto, profundamente. Este é o amanhecer histórico de um novo Médio Oriente."
Num dos seus momentos de menor discrição, Trump deixou ainda escapar: "O Bibi [alcunha que dá a Netanyahu] ligava-me tantas vezes" a pedir armas, "tantas que Israel tornou-se forte e poderoso... e foi isso que abriu caminho à paz".
Momentos antes, o primeiro-ministro israelita tinha feito o seu próprio discurso, onde tinha deixado um agradecimento profundo a Donald Trump, "o melhor amigo que Israel alguma vez teve na Casa Branca".
Donald Trump e Benjamin Netanyahu em Israel© Jim Lo Scalzo/EPA/Bloomberg via Getty Images
Trump ruma ao Egito onde assina acordo de paz
Terminada a visita relâmpago a Israel, Trump seguiu para o Egito, onde copresidiu uma cimeira sobre Gaza na cidade de Sharm El-Sheikh. Lá, mais de duas dezenas de líderes mundiais o esperavam.
Tiradas as fotografias, e terminados os cumprimentos diplomáticos, os governantes e representantes da comunidade internacional rumaram à sala de conferências onde, por fim, o acordo de cessar-fogo foi assinado: primeiro, pelo homem que o delineou, Donald Trump.
Durante o momento realçou: "Isto demorou três mil anos".
"Conseguimos o que todos diziam ser impossível. Finalmente há paz no Médio Oriente", declarou num discurso após assinar o documento.
"É o dia pelo qual as pessoas em toda a região e em todo o mundo têm trabalhado, lutado, esperado e rezado. É bonito ver um novo e belo dia a nascer. E agora começa a reconstrução", afirmou.
Donald Trump assina acordo de paz no Egito© REUTERS/Suzanne Plunkett/Pool
Negociações para a segunda fase do acordo já começaram
Durante a visita, o presidente norte-americano anunciou também que as negociações para a segunda fase do acordo já tiveram início.
"Começou. Quer dizer, começou, no que diz respeito à fase dois. E, como sabem, as fases estão de certa forma interligadas", afirmou.
Nesta fase, foi acordado o cessar-fogo, a retirada gradual das forças israelitas, a entrada em massa de ajuda humanitária no enclave palestiniano e a troca de reféns por prisioneiros.
A segunda fase vai abordar a reconstrução do enclave, bem como o desarmamento do Hamas e a governação da Faixa de Gaza. O grupo palestiniano já disse não ter interesse em permanecer no governo do enclave, mas há relatos díspares quanto à sua disponibilidade para entregar as armas.
Já a reconstrução do enclave vai estar em debate numa cimeira, em breve, também no Egito, conforme foi anunciado pelo presidente do país durante o encontro.
Enquanto isso, o governo britânico anunciou ter já iniciado uma conferência sobre este tema, de três dias, em Inglaterra, e que conta com a presença de representantes da Arábia Saudita, da Autoridade Palestiniana e de doadores internacionais.
Foto de família na cimeira em Sharm El-Sheikh© REUTERS/Suzanne Plunkett/Pool
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