Para o líder da Casa Branca, trata-se de "um dia tremendo para o Médio Oriente", referindo-se à assinatura, na estância egípcia de Sharm el-Sheikh, da declaração que compromete os mediadores internacionais com o fim das hostilidades entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas.
"Conseguimos o que todos diziam ser impossível. Finalmente há paz no Médio Oriente", proclamou o Presidente norte-americano durante uma cerimónia que reuniu cerca de 30 líderes mundiais.
Após o discurso do anfitrião egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, Trump observou que "este é o dia para o qual pessoas de toda a região e do mundo têm trabalhado, esforçado, esperado e rezado", considerando que alcançaram resultados "verdadeiramente impensáveis" no último mês.
"Ninguém imaginava que isto pudesse acontecer com o acordo histórico que acabámos de assinar. As preces de milhões foram finalmente atendidas", afirmou.
Referindo-se às figuras políticas presentes na reunião de hoje, Trump descreveu-as como "grandes líderes" políticos.
"Após anos de sofrimento e derramamento de sangue, a guerra em Gaza terminou. A ajuda humanitária está a chegar, incluindo centenas de camiões de alimentos, equipamento médico e outros mantimentos, grande parte dos quais foi paga pelas pessoas nesta sala", comentou.
Momentos antes, o político norte-americano afirmou ter fechado numerosos acordos, mas reconheceu que este é "o maior e mais complexo" numa região que podia causar "problemas tremendos", incluindo a terceira guerra mundial.
"A terceira guerra mundial começaria no Médio Oriente, e isso não vai acontecer", observou.
Poucas horas antes, em Jerusalém, onde foi recebido como um herói, Trump proclamou perante o Knesset (parlamento israelita) o fim de um "longo pesadelo" para Israel e para os palestinianos com o cessar-fogo na Faixa de Gaza.
Em Sharm el-Sheikh, o líder da Casa Branca disse esperar que o acordo que signifique "mais do que o fim da guerra de Gaza" e marque "um novo começo" para todo o Médio Oriente.
Nesse sentido, manifestou confiança de que vai emergir uma região "forte, estável e próspera", na qual todos os países "rejeitem o terrorismo de uma vez por todas", e sugeriu uma maior adesão aos Acordos de Abraão para normalizar as relações com Israel.
O acordo entre Israel e Hamas foi impulsionado pelos Estados Unidos e negociado ao longo de vários dias em Sharm el-Sheikh com a mediação de delegações do Egito, do Qatar e da Turquia.
Nesta fase, foi acordado o cessar-fogo, a retirada gradual das forças israelitas, a entrada em massa de ajuda humanitária no enclave palestiniano e a troca de reféns por prisioneiros.
A segunda fase, cujas negociações o líder norte-americano disse já terem começado, vai abordar a reconstrução do enclave, bem como o desarmamento do Hamas e a governação da Faixa de Gaza.
A conferência de hoje na estância egípcia, copresidida por Trump e Al-Sisi, incluiu a participação de líderes de vários países da região e também dirigentes europeus e do secretário-geral da ONU, António Guterres, mas nem o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, nem o Hamas estiveram presentes.
Contou no entanto com a participação do presidente da Autoridade Nacional Palestiniana, Mahmud Abbas.
Ao todo, 1.968 prisioneiros foram libertados ao abrigo do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, incluindo muitos condenados por ataques mortais contra Israel, bem como 1.700 palestinianos presos por alegadas "razões de segurança", desde o início da guerra, em outubro de 2023.
Em troca, o Hamas devolveu em duas vagas 20 reféns vivos mantidos em cativeiro no enclave palestiniano há quase dois anos, mas indicou que apenas ia entregar hoje quatro corpos dos 28 que se presumem mortos.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 67 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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