Kilmar Ábrego García, o salvadorenho que foi deportado dos Estados Unidos "por engano", regressou a casa, ao final da tarde de sexta-feira, depois de ter sido libertado de uma prisão no estado norte-americano do Tennessee. Contudo, as autoridades já disseram que pretendem deportar o jovem de 30 anos para o Uganda.
"Hoje foi um dia muito especial porque, graças a Deus, voltei a ver a minha família, ao fim de mais de 160 dias. Queria agradecer a todas as pessoas quem me têm apoiado. Depois de tanto tempo, vou apercebendo-me de que muitas pessoas estiveram ao meu lado", disse Kilmar Ábrego García, num vídeo divulgado no sábado pela organização CASA, que auxilia imigrantes e membros da comunidade latina nos Estados Unidos.
O salvadorenho foi recebido pela família em clima de festa, tal como poderá ver nas imagens incluídas na galeria acima.
No entanto, as autoridades norte-americanas pretendem agora deportar Ábrego García para o Uganda, depois de o jovem ter recusado ser enviado para a Costa Rica, em troca de se declarar culpado de tráfico humano e permanecer na prisão.
O salvadorenho terá de se apresentar às autoridades de imigração na segunda-feira e, caso não aceite a proposta do Departamento de Segurança Interna, a administração dará início ao processo de deportação, de acordo com o New York Times.
A família recusou pronunciar-se, mas o advogado de defesa do jovem, Simon Sandoval-Moshenberg, argumentou que as autoridades federais estavam a perseguir Ábrego García por o imigrante se ter manifestado contra a sua deportação ilegal e por ter denunciado que foi alvo de tortura no chamado Centro de Confinamento de Terroristas (Cecot), em El Salvador.
"O governo decidiu usar o sistema de imigração para puni-lo. Ele e a sua família já sofreram o suficiente", disse, no sábado.
Recorde-se que Ábrego García, um trabalhador da construção civil de Maryland, tornou-se um ponto de inflamação sobre as políticas de imigração do presidente norte-americano, Donald Trump, depois de ter sido erradamente deportado para El Salvador, em março.
O homem fugiu de El Salvador devido a extorsões e ameaças que ele e a sua família receberam do gangue Barrio 18, de acordo com documentos judiciais apresentados pela sua defesa.
As autoridades norte-americanas admitiram posteriormente que a deportação para El Salvador tinha sido um "erro administrativo", apesar de a administração Trump argumentar que Ábrego García, que não tem registo criminal nos Estados Unidos que o ligue ao crime organizado, é membro do gangue MS-13 - um grupo que foi recentemente denominado como uma organização terrorista global numa ordem executiva.
O salvadorenho foi devolvido aos Estados Unidos no passado mês de junho para enfrentar acusações de tráfico de seres humanos, das quais disse ser inocente.
Estas acusações remontam a um encontro que o jovem teve com agentes da polícia no Tennessee, em 2022, quando viajava com vários imigrantes alegadamente sem documentos.
Leia Também: EUA pretendem deportar Kilmar Abrego Garcia para o Uganda