A posição da Rússia foi transmitida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, durante uma conversa telefónica com a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez.
"Serguéi Lavrov expressou solidariedade com as autoridades venezuelanas e reafirmou o apoio integral aos seus esforços para defender a soberania nacional e garantir a estabilidade institucional diante da crescente pressão externa sobre Caracas", explica um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.
O documento, divulgado na plataforma Telegram, sublinha que a conversa "confirmou a disposição mútua de continuar a reforçar as relações de associação estratégica entre a Rússia e a Venezuela".
"As partes abordaram questões bilaterais atuais e concordaram em intensificar a cooperação e coordenar as suas abordagens em questões globais, inclusive no âmbito do Grupo de Amigos em Defesa da Carta das Nações Unidas", explica.
Por outro lado, a vice-presidente da Venezuela, explica, também no Telegram, que Serguei Lavrov "é um bom amigo da Venezuela" e que foram abordados aspetos da agenda bilateral e a cooperação entre ambos os países.
"Agradeci especialmente o apoio incondicional da Rússia à Venezuela, diante da escalada de ameaças do governo dos EUA de atacar o presidente Nicolas Maduro Moros e o nosso povo. Da mesma forma, manifestei o nosso apoio aos esforços nas negociações de paz, no âmbito da luta contra o neofascismo levada a cabo pela Rússia", explica.
Segundo Delcy Rodríguez, ambos coincidiram "na necessidade de continuar a defender o Direito Internacional e fortalecer os espaços multilaterais" para "avançar na construção de uma nova ordem mundial multicêntrica e pluripolar".
O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, disse hoje em Bogotá que o seu país está preparado para "enfrentar todas as agressões que se pretendam" contra o país, perante o envio de navios militares dos Estados Unidos ao mar das Caraíbas, perto das águas venezuelanas, para combater o tráfico de drogas.
"Estamos preparados para enfrentar todas as agressões que se pretendam, agressões de caráter psicológico, agressões de caráter mediático, de todo o tipo. Então, vão à Venezuela e verão um povo feliz, em marcha, crescendo, trabalhando e preparado para sua defesa", disse aos jornalistas em Bogotá, onde participa na V Cimeira Amazónica, citado pela Agência EFE.
As tensões entre Washington e Caracas intensificaram-se nos últimos dias, depois de, na terça-feira, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, ter afirmado que os EUA estão preparados para "usar todo o seu poder" para travar o "fluxo de drogas para o seu país".
O ministro de Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, advertiu os Estados Unidos, na quinta-feira, para que não ousem atacar o país porque os venezuelanos estão preparados para defender a pátria, assim como enfrentarão a reação da América Latina.
Caracas recebeu como ameaça a notícia de que Washington enviou para águas caribenhas navios lança-mísseis e 4.000 fuzileiros numa alegada operação contra cartéis narcotraficantes, em resposta à qual Caracas anunciou a deslocação por todo o país de 4,5 milhões de milicianos, componente da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB).
O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, apelou na quinta-feira a uma mobilização, este fim de semana, da milícia, dos reservistas e de "todo o povo" para enfrentarem as "ameaças" dos Estados Unidos.
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