O afastamento pelo secretário Pete Hegseth do tenente-general Jeffrey Kruse da liderança da agência do Pentágono, conhecida pela sigla em inglês DIA, foi avançado pelo The Washington Post e confirmado à AP e à AFP por fontes próximas e por um funcionário da Casa Branca, que pediram anonimato.
A demissão acontece dois meses depois de uma avaliação preliminar da DIA sobre os bombardeamentos ter surgido em diversos meios de comunicação social norte-americanos, indicando que o programa nuclear do Irão sofreu um atraso de apenas alguns meses, contradizendo afirmações de Trump de que o mesmo tinha sido "completa e totalmente obliterado".
Numa conferência de imprensa após os ataques de junho, Hegseth criticou duramente a imprensa por se ter concentrado na avaliação preliminar, mas não apresentou qualquer prova direta da destruição das instalações de produção nuclear iraniana.
"Chamem-lhe destruído, chamem-lhe derrotado, chamem-lhe obliterado --- escolham a palavra certa. Este foi um ataque historicamente bem-sucedido", disse Hegseth na altura.
A demissão do chefe da DIA culmina uma semana de amplas mudanças na comunidade de informações e reformulações na liderança militar promovidas pela administração Trump.
O gabinete da diretora nacional de informações, Tulsi Gabbard, --- responsável pela coordenação do trabalho de 18 agências de informações, incluindo a DIA --- anunciou que iria cortar o seu pessoal e o seu orçamento.
O Pentágono já havia anunciado esta semana que o oficial chefe da Força Aérea, general David Allvin, planeava reformar-se antecipadamente.
Hegseth e Trump têm recorrido com frequência à demissão de altos responsáveis militares, muitas vezes sem explicação formal.
Desde início do segundo mandato de Trump há seis meses, o governo demitiu do cargo de chefe do Estado-Maior Conjunto, o general da Força Aérea CQ Brown Jr., bem como o principal oficial da Marinha, o segundo oficial mais graduado da Força Aérea, entre outros.
Em abril, Hegseth demitiu o general Tim Haugh do cargo de chefe da Agência de Segurança Nacional (NSA) e a vice-almirante Shoshana Chatfield, alta funcionária da NATO.
O Pentágono não deu explicações públicas para nenhuma destas demissões, mas a imprensa norte-americana relacionou-as com o facto de alguns dos oficiais apoiarem programas de diversidade, equidade e inclusão, cuja eliminação foi prometida por Trump.
Trump tem despedido vários funcionários do governo de cujos dados e análises discorda.
No início deste mês, depois de um relatório com dados negativos sobre criação de emprego, demitiu a responsável pelo departamento estatístico que realizou o estudo.
O seu governo também deixou de publicar relatórios sobre as alterações climáticas, cancelou estudos sobre o acesso a vacinas e removeu dados sobre a identidade de género dos sites governamentais.
Leia Também: Donald Trump recebe presente de Vladimir Putin: "É uma boa foto dele"