Numa conferência de imprensa realizada no dia seguinte a uma troca de telefonemas com Donald Trump, Mark Carney garantiu que, a partir de 1 de setembro, o seu país "eliminará os direitos aduaneiros sobre os produtos americanos" abrangidos pelo Tratado Canadá-EUA-México.
O anúncio surge numa altura em que Otava e Washington intensificaram as conversações com vista a um acordo comercial mais amplo.
Esta decisão foi bem recebida por Trump, que foi questionado pela imprensa na Casa Branca alguns momentos depois.
"Ele está a retirar as suas medidas de retaliação, achei isso simpático. Vamos ter outra conversa telefónica em breve, eles estão a aproximar-se do nosso país. Gosto deles", afirmou o Presidente norte-americano.
Os dois líderes realizaram uma chamada telefónica na quinta-feira, na qual discutiram a política comercial e a forma de reforçar a sua liderança para "apoiar a paz e a segurança duradouras na Ucrânia e na Europa".
"Queremos ser muito bons para o Canadá. Gosto muito de Carney. Acho que ele é uma boa pessoa, e tivemos uma conversa muito boa ontem [quinta-feira], por isso acho que vai correr bem", acrescentou.
Segundo Carney, as recentes negociações de acordos comerciais assinadas por Washington com vários dos seus parceiros, incluindo a União Europeia (UE) e o Japão, são sobretudo uma forma de "comprar um direito de acesso à primeira economia mundial".
Para o Canadá, que ainda não conseguiu chegar a um acordo com o seu vizinho, a taxa média efectiva aplicada aos produtos canadianos é de 5,6%, porque "85% dos produtos não são tributados", na medida em que vão para os Estados Unidos ao abrigo do tratado Canadá-EUA-México, salientou o primeiro-ministro canadiano.
Trump aplicou direitos aduaneiros de 30% aos produtos canadianos, mas concedeu uma isenção a quase todos os produtos que entram nos Estados Unidos, em conformidade com as disposições do acordo de comércio livre.
Esta isenção foi mantida no início de agosto, quando as tarifas apresentadas pelo Presidente norte-americano como recíprocas entraram em vigor, visando os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos (EUA).
Carney qualificou este gesto de essencial e explica a vontade de Otava de aplicar a mesma isenção aos produtos norte-americanos a partir de 01 de setembro.
"Há um momento para tudo no jogo (...) em primeiro lugar, tínhamos de ser físicos na primeira parte para enviar uma mensagem, e foi isso que fizemos", acrescentou.
"Mas também há uma altura do jogo em que queremos marcar", continuou, sublinhando que o seu Governo estava agora concentrado na assinatura de um acordo que traria benefícios a longo prazo para a economia canadiana.
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