De acordo com o Ministério Público, Blaszczak, que era ministro do Governo anterior, liderado pelos ultraconservadores e nacionalistas da Lei e Justiça (PiS), divulgou os documentos durante a campanha eleitoral para as legislativas, realizadas em outubro de 2023, excedendo a sua autoridade e com a intenção de benefícios próprios e do partido.
Ao fazê-lo, "prejudicou gravemente" os interesses da Polónia, segundo o Ministério Público.
O documento em causa referia-se a um plano de defesa, concebido durante o mandato dos liberais pró-europeus da Plataforma Cívica (PO), liderada pelo atual primeiro-ministro, Donald Tusk, e que estavam no poder antes da chegada do PiS, em 2015.
Nas legislativas em 2023, marcada por uma tensa campanha eleitoral e em plena invasão russa da vizinha Ucrânia, uma coligação promovida por Tusk desalojou o PiS do Governo.
A Procuradoria de Varsóvia alega que, na campanha, Blaszczak utilizou o plano para atacar o PO, argumentando que este pretendia defender a Polónia apenas a partir da linha marcada pelo rio Vístula, cedendo a metade oriental do país a eventuais invasores russos sem luta.
O ex-ministro afirmou hoje na rede X que a acusação é um "ato de vingança" do atual chefe do Governo e que "desclassificaria novamente os documentos sem hesitar para revelar as verdadeiras intenções da equipa de Tusk".
Além de Blaszczak, entre os acusados encontra-se Slawomir Cenckiewicz, nomeado este mês para a direção dos serviços de informações polacos (ABW) pelo Presidente polaco Karol Nawrocki, apoiado pelo PiS, e outros elementos ligados à segurança do país.
O novo chefe da espionagem interna defendeu-se no X, comentando que as acusações são "falsas e completamente infundadas" e a investigação está repleta de irregularidades.
"Esta é a vingança daqueles que passaram anos a construir amizade com a Rússia e a envolver instituições estatais nas suas relações com a Rússia, incluindo o FSB [serviço de informações russos]. Eu era e sou inocente! Nunca infringi a lei!", argumentou.
A acusação hoje divulgada é o mais recente episódio de problemas com a justiça polaca de elementos ligados ao PiS.
O deputado Dariusz Matecki foi detido na semana passada por acusações de corrupção e o antigo vice-ministro da Justiça Marcin Romanowski pediu asilo político na Hungria após envolvimento em crimes de fraude.
O próprio PiS foi acusado pela Comissão Eleitoral de financiamentos irregulares através de fundos públicos nas legislativas de 2023.
Apesar de permanecerem em polos opostos e da acentuada divisão política na Polónia, país que acolhe cerca de um milhão de refugiados ucranianos, quer o PiS quer os rivais do PO, são firmes apoiantes de Kiev na resistência à agressão russa.
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