O Ulchi Freedom Shield, que terá uma duração de 11 dias, é o segundo de dois exercícios em grande escala realizados anualmente na Coreia do Sul, depois de outro conjunto de manobras em março, e envolve 21.000 soldados, incluindo 18.000 sul-coreanos, em operações de posto de comando simuladas por computador e treino de campo.
Os exercícios, que os aliados descrevem como defensivos, podem desencadear uma resposta da Coreia do Norte, que há muito tempo retrata estas manobras militares como ensaios de invasão e frequentemente as usa como pretexto para demonstrações e testes de armas, muitas vezes associadas ao seu programa nuclear.
Numa declaração na semana passada, o ministro norte-coreano da Defesa, No Kwang Chol, disse que os exercícios mostram a postura dos aliados de "confronto militar" com o Norte e declarou que as suas forças estariam prontas para neutralizar "qualquer provocação que ultrapassasse a linha de fronteira".
O Ulchi Freedom Shield surge num momento importante para o novo Presidente da Coreia do Sul, Lee Jae Myung, a poucos dias da cimeira com o homólogo norte-americano Donald Trump, em Washington, agendada para 25 de agosto.
Trump suscitou preocupações em Seul de que possa decidir fazer mexidas na aliança de décadas, exigindo pagamentos mais elevados pela presença das tropas americanas na Coreia do Sul e, eventualmente, reduzi-la, à medida que Washington muda o foco para a China.
Desde o seu primeiro mandato, Trump tem pedido regularmente que a Coreia do Sul pague mais pelos 28.500 soldados americanos estacionados no seu território.
Comentários públicos de altos funcionários da Administração Trump, incluindo o subsecretário de Defesa Elbridge Colby, sugeriram um impulso para reestruturar a aliança, o que, segundo alguns especialistas, poderia afetar o tamanho e o papel das forças americanas na Coreia do Sul.
Numa recente reunião com jornalistas, o general Xavier Brunson, comandante das Forças dos Estados Unidos na Coreia, salientou a necessidade da aliança se "modernizar" para fazer face à evolução do ambiente de segurança, incluindo as ambições nucleares da Coreia do Norte, o seu alinhamento cada vez mais estreito com a Rússia e o que o militar designou como ameaças chinesas a um "Indo-Pacífico livre e aberto".
As relações entre as duas Coreias continuam tensas, com o Norte a ignorar várias tentativas de reaproximação da nova liderança em Seul.
Na sua última mensagem a Pyongyang na sexta-feira, Lee, que assumiu o cargo em junho, disse que irá procurar restaurar o acordo militar intercoreano de 2018, destinado a reduzir as tensões na fronteira, e apelou à Coreia do Norte para que responda aos esforços do Sul para reconstruir a confiança e reativar as negociações.
O acordo militar de 2018, alcançado durante um breve período de diplomacia entre as Coreias, criou zonas tampão em terra e no mar e zonas de exclusão aérea acima da fronteira para evitar confrontos.
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