Para surpresa geral, o senador de centro-direita Rodrigo Paz Pereira, da oposição, lidera com 31,3% e 31,6% dos votos, de acordo com as projeções dos institutos Ipsos e Captura.
O ex-presidente de direita Jorge "Tuto" Quiroga, segue em segundo lugar, com 27,1% e 27,3%, de acordo com as mesmas estimativas.
O empresário e também candidato da oposição Samuel Doria Medina reconheceu já a derrota, ao ficar em terceiro lugar nas contagens rápidas divulgadas esta noite, e comprometeu-se a apoiar Rodrigo Paz.
"Como disse várias vezes, cumpro os meus compromissos. Ao longo da campanha, disse que, se não chegasse à segunda volta, apoiaria quem ficasse em primeiro lugar, desde que não fosse o MAS [Movimento ao Socialismo, no poder]. Esse candidato é Rodrigo Paz e mantenho a minha palavra", disse Doria Medina numa conferência de imprensa.
Paz Pereira, de 57 anos, é a grande revelação do atual processo eleitoral, tendo passado dos últimos lugares nas sondagens para o candidato mais votado nesta primeira volta, qualificando-se para disputar a segunda volta com Jorge "Tuto" Quiroga, da Aliança Livre, que partiu para estas eleições atrás de Dória Medina nas intenções de voto.
O processo eleitoral iniciado este domingo na Bolívia, país com 12 milhões de habitantes, escolhe os membros do Senado, da Câmara dos Deputados e os próximos Presidente e vice-presidente do país. A segunda volta das presidenciais está agendada para 19 de outubro.
Dez candidatos de partidos e alianças foram habilitados pelas autoridades eleitorais a concorrer à presidência, mas apenas oito foram a votos, incluindo Eduardo del Castillo pelo partido MAS, que é apoiado pelo atual Presidente, Luis Arce.
A esquerda boliviana partiu para estas eleições em profunda crise. Arce anunciou que não iria disputar um segundo mandato presidencial e Evo Morales, que abandonou o MAS, tentou candidatar-se pelo partido PAN-BOL, mas o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) anulou a personalidade jurídica da formação política por incumprimento da lei.
Por outro lado, o Tribunal Constitucional boliviano determinou, em maio, que Morales não poderia ser candidato a um quarto mandato, por ter já ocupado o cargo de Presidente por mais de duas vezes, o que gerou em junho violentas manifestações dos seus apoiantes, que provocaram pelo menos seis mortos.
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