Joan Groizard garantiu, no entanto, que a ideia não é eliminar "de uma só vez a contribuição da energia nuclear para a matriz elétrica".
Existe um calendário de encerramento gradual, entre 2027 e 2035, explicou Groizard num 'podcast', no qual insistiu não existir "qualquer tipo de negociação ou diálogo aberto" com empresas para prolongar a vida útil destas centrais.
O plano de encerramento foi assinado, em 2019, no quadro do Plano Nacional para a Energia e o Clima espanhol, pelas quatro empresas proprietárias das instalações: Iberdrola, Endesa, Naturgy e a portuguesa EDP e é o cenário que se mantém em cima da mesa, sublinhou.
"Hoje, dizem-nos que [a energia nuclear] não é competitiva, razão pela qual não pediram uma prorrogação", adiantou Groizard.
O responsável indicou que as empresas pretendem uma redução de impostos: "E que todos paguemos parte dos custos do desmantelamento e da gestão de resíduos".
O Governo respondeu que não vai passar os custos para o público em geral, continuou Groizard, salientando que as taxas atualmente impostas pelo Estado às centrais nucleares "são exatamente as mesmas de 2019", o que significa que o quadro fiscal manteve-se inalterado.
No final do mês passado, o Governo espanhol tinha afirmado estar disponível, mediante condições, para rever o calendário de encerramento de centrais nucleares, incluindo a de Almaraz, próxima da fronteira com Portugal, a pedido dos principais grupos elétricos espanhóis.
Numa carta dirigida aos presidentes dos conselhos de administração da Iberdrola e da Endesa, a que o diário espanhol El Pais teve acesso, a ministra da Transição Ecológica espanhola, Sara Aagesen, afirmou estar disposta a reabrir o debate sobre a data de encerramento prevista para várias centrais do país, decidida em 2019.
Em junho, a Iberdrola e a Endesa tinham proposto, numa carta dirigida à ministra, uma revisão do calendário de encerramento das centrais nucleares, sobretudo a de Almaraz, que devia ser encerrada em 2028.
O calendário foi criticado por defensores do nuclear intensificaram-se na sequência do apagão ibérico de 28 de abril, pedindo uma revisão do calendário por um alegado risco para o fornecimento elétrico no país.
Numa mensagem na rede social Bluesky, a ministra do Trabalho Iolanda Diaz, do partido de esquerda radical Sumar, e que integra em coligação o executivo liderado pelo socialista Pedro Sánchez, reiterou oposição a qualquer revisão do calendário.
"Prolongar o tempo de vida das centrais nucleares vai contra o plano de transição ecológica do Governo e da implementação de renováveis. Há anos que Espanha encerrou esse debate e os prazos de encerramento são muito claros. Não o permitiremos", alertou.
No auge do uso de energia nuclear, nos anos de 1980, Espanha tinha oito centrais nucleares, que forneciam 38% da eletricidade no país. Hoje, tem apenas cinco, com sete reatores nucleares, que representam 20% da energia elétrica.
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