"Se queremos gerir migração irregular, é preciso investir nas populações"

A responsável da agência de migrações da ONU avisou hoje que o Ocidente corre o risco de criar maior instabilidade ao apertar as fronteiras e reduzir a ajuda para os países que sofrem com migração maciça.

Amy Pope, vice-diretora-geral da OIM

© FABRICE COFFRINI/AFP via Getty Images

Lusa
10/07/2025 17:53 ‧ há 7 horas por Lusa

Mundo

ONU

Amy Pope considerou que uma abordagem focada apenas na fiscalização das fronteiras, sem abordar as causas da migração, pode desestabilizar ainda mais os países de origem.

 

"Se queremos gerir a migração irregular, então é preciso investir na estabilização das populações mais próximas, de onde vem a migração. (...) É uma visão de curto prazo cortar a ajuda externa sem identificar alternativas para garantir que as populações não são deslocadas", defendeu a diretora-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), em entrevista à agência de notícias Associated Press.

Em 2023, Pope tornou-se a primeira mulher a liderar a agência de migrações da ONU, depois de ter desempenhado as funções de conselheira da Casa Branca sobre migração e segurança interna nos governos democratas dos ex-presidentes Barack Obama e Joe Biden.

As declarações de Pope surgem quando os países europeus, incluindo Portugal, estão a adotar políticas de migração mais rigorosas, com mais financiamento para os esforços de deportação e para que os países de trânsito desencorajem os migrantes.

Pope referiu a Síria como uma preocupação particular, alertando que o repatriamento prematuro da população pode ser contraproducente.

"Se os sírios regressarem a casa demasiado depressa e enfrentarem mais desestabilização, mais conflitos, se os seus filhos não estiverem em segurança, se as suas casas continuarem destruídas e não tiverem para onde ir, isso pode acabar por se virar contra si", explicou.

A responsável das Nações Unidas lembrou ainda que as políticas fronteiriças mais rigorosas dos Estados Unidos já criaram efeitos de cascata em toda a América Latina.

"Estamos a assistir a uma inversão dos fluxos. Não só menos pessoas estão a chegar à fronteira dos Estados Unidos com o México, como mais pessoas estão a dirigir-se para sul", disse Pope, levantando preocupações sobre a falta de apoio a países ao longo de rotas migratórias alternativas, como o Panamá, a Costa Rica e outros países da América Central.

A responsável mostrou-se otimista sobre a abordagem de Itália, que combina medidas fronteiriças rigorosas com canais de migração legal alargados.

A Itália planeia fornecer quase 500.000 autorizações para trabalhadores de fora da UE, a começar em 2026 e escalonadas ao longo de três anos, num trabalho com os empregadores para identificar as necessidades de mão-de-obra.

Leia Também: Imigração. PS acusa PSD de união com Chega em "flagrante violação da lei"

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