Ursula von der Leyen, sobreviveu, esta quinta-feira, a uma moção de censura à Comissão Europeia, a primeira em dez anos. A maioria dos membros do Parlamento Europeu apoiou a presidente da Comissão e a moção foi mesmo rejeitada por maioria no Parlamento Europeu (PE) durante o plenário em Estrasburgo, em França.
Caso tivesse perdido a votação, Von der Leyen e a restante equipa da Comissão teriam de retirar-se, lançando a UE no caos.
Contra a moção votaram 360 deputados europeus, com 175 a favor e 18 abstenções. Dos 720 deputados, 553 compareceram para votar. A moção precisaria de 357 votos para ser aprovada.
Os eurodeputados do PCP, João Oliveira (que integra o grupo político A Esquerda), e do Chega, António Tânger Corrêa e Tiago Moreira de Sá (que faz parte do grupo Patriotas pela Europa, de extrema-direita), foram os únicos portugueses que votaram favoravelmente a queda do executivo comunitário.
A última moção de censura apresentada foi em 2014, na altura ao executivo de Jean-Claude Juncker e o desfecho foi o mesmo.
A moção de censura foi apresentada pelo eurodeputado romeno Gheorghe Piperea, que faz parte do grupo político dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR, na sigla em inglês, de direita conservadora e extrema-direita), e recebeu o apoio de mais 79 eurodeputados.
Para ser apresentada, uma moção de censura à Comissão Europeia precisa de ser subscrita pelo menos por 72 deputados, representando um décimo do hemiciclo.
Gheorghe Piperea decidiu avançar com uma moção de censura por causa da ocultação de mensagens entre Ursula von der Leyen e o administrador da farmacêutica Pfizer, em 2021, durante a pandemia de covid-19, por causa da aquisição de vacinas contra o coronavírus SARS-CoV-2.
"A concentração da tomada de decisões nas mãos da presidente da Comissão Europeia, algo que me parece antidemocrático, [Ursula von der Leyen] é opaca", considerou o eurodeputado no debate.
A presidente da Comissão Europeia rebateu as acusações, considerando que a moção de censura é oriunda de um "mundo de conspirações".
"Hoje podemos todos fazer a nossa própria avaliação sobre os méritos [da Comissão Europeia] (...) e cada um chegará à sua conclusão. O que acabámos de ouvir é claro: é uma tentativa fraca dos extremistas de polarização, de erodir a confiança na democracia, uma tentativa de reescrever a história", disse Ursula von der Leyen.
A presidente da Comissão Europeia, que está em funções há seis anos, não esteve presente durante a votação.
Desde as primeiras eleições europeias, em 1979, foram apresentadas sete moções de censura, nenhuma resultou na queda de um executivo comunitário.
[Notícia atualizada às 12h47]
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