Segundo a mesma fonte, a secretária para a América do Norte do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, Maria Luisa Escorel, convocou na quarta-feira, pela segunda vez no mesmo dia, o mais alto representante dos Estados Unidos em Brasília.
Na segunda reunião, Escorel solicitou ao encarregado de negócios dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, que confirmasse a "autenticidade" da carta, uma vez que foi publicada antes de chegar ao Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
Escobar confirmou e Escorel disse que "o Brasil estava a devolver a carta", por ser "ofensiva" e conter "mentiras" sobre o Brasil e "erros factuais" sobre a relação comercial bilateral.
Na quarta-feira, Trump anunciou que vai impor tarifas de 50% aos produtos brasileiros e mostrou-se a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro, que está acusado de tentativa de golpe de Estado.
"Este julgamento não deveria estar a acontecer. Trata-se de uma caça às bruxas que deve acabar imediatamente!", escreveu Trump, na carta endereçada a Lula da Silva e divulgada na rede social detida pelo republicano, a Truth Social.
"Qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Económica", escreveu Lula da Silva.
A lei de reciprocidade em comércio externo que permite ao Governo brasileiro adotar medidas contra países que imponham barreiras unilaterais aos produtos do Brasil entrou em vigor em abril.
"É falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado défice norte-americano. As estatísticas do próprio Governo dos Estados Unidos comprovam um superavit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 mil milhões de dólares [349 mil milhões de euros] ao longo dos últimos 15 anos", prosseguiu Lula da Silva, num texto partilhado nas redes sociais.
Trump criticou os "ataques insidiosos do Brasil contra as eleições livres e os direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos (como recentemente ilustrado pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil, que emitiu centenas de ordens de censura secretas e ilegais a plataformas de medias sociais dos EUA, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado brasileiro)".
Lula da Silva disse que "rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática"
No Brasil, insistiu o chefe de Estado, a "liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas" e por isso para operar no país, as empresas "estão submetidas à legislação brasileira".
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