Eskom comprou 66% da eletricidade da barragem moçambicana de Cahora Bassa

A sul-africana Eskom comprou 66% de toda a eletricidade disponibilizada em 2024 pela moçambicana Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), apesar do segundo ano consecutivo de quebra, quando o Governo moçambicano prevê a reversão daquele contrato de fornecimento.

Estudo revela que 63% das exportações de Moçambique dependem de apenas quatro empresas

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Lusa
10/07/2025 09:18 ‧ há 7 horas por Lusa

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De acordo com o relatório e contas da HCB, consultado hoje pela Lusa, do total de 12.351 GigaWatts-hora (GWh) de energia entregue pela estatal moçambicana em 2024, a energética sul-africana ficou com 8.319 GWh e a Eletricidade de Moçambique (EDM) com 3.451 GWh, equivalente a cerca de 30% do total, e a zimbabueana ZESA com 499 GWh (4%).

 

Além disso, a HCB registou perdas de transporte de 6,76% da produção total, face aos 7,60% em 2023.

O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, confirmou em 23 de junho que vai avançar em 2030 o processo de reversão energética, com o fim do contrato de fornecimento de eletricidade produzida em Moçambique à Eskom, em vigor desde 1979.

A posição foi assumida pelo chefe de Estado durante a cerimónia que assinalou os 50 anos da HCB, na província de Tete, centro de Moçambique, uma das maiores produtores de eletricidade em África.

"Neste ano de 2025, além de implementar projetos de reabilitação, a HCB, olhando para a reversão energética prevista para 2030 - Moçambique passa a controlar a fonte de geração de energia com o fim do contrato com a Eskom -, deve consolidar o seu papel no desenvolvimento energético de Moçambique", disse o chefe de Estado, no seu discurso, confirmando assim a intenção já sinalizada no Governo anterior.

A Lusa noticiou em fevereiro de 2024 que o Governo moçambicano - então liderado pelo Presidente da República, Filipe Nyusi - pretendia "repatriar" a partir de 2030, para uso doméstico, a eletricidade que exporta da HCB para África do Sul desde 1979.

A posição consta da Estratégia para Transição Energética em Moçambique até 2050, aprovada pelo Governo anterior, em que se assume esse objetivo para 2030: "A principal prioridade hídrica de curto prazo é a repatriamento da eletricidade da HCB, atualmente exportada para a África do Sul (8-10 TWh) [TeraWatt-hora], bem como a adição de 2 GW [GigaWatt] de nova capacidade hidroelétrica nacional até 2031".

No documento recorda-se igualmente que a central hidroelétrica de Cahora Bassa é a "mais importante de Moçambique", com uma capacidade total instalada de 2.075 MW (Megawatt), sendo detida maioritariamente pelo Estado moçambicano.

"Desde o início das operações em 1979, a HCB exportou a maior parte da sua produção de eletricidade para a estatal sul-africana Eskom, com uma parte menor fornecida à Eletricidade de Moçambique. A eletricidade da HCB é barata e limpa", lê-se no documento.

Da produção total, apenas 300 MW de "energia firme" e 380 MW de "energia variável" são fornecidas pela HCB à elétrica estatal moçambicana.

"Em 2030 o Contrato de Aquisição de Energia entre a HCB e a Eskom chegará ao fim e decisões importantes terão de ser tomadas relativamente à comercialização e destino final de energia limpa da HCB", acrescenta-se.

Nos arredores de Maputo, sul do país, funciona a fábrica de alumínio da Mozal, sul-africana e alimentada pela eletricidade precisamente fornecida pela Eskom -- contrato de fornecimento que por sua vez termina em 2026 -, devido às dificuldades de cobertura da rede elétrica moçambicana, sendo aquela uma das maiores consumidoras de eletricidade do país, com necessidades de 900 MW.

Já o aumento da capacidade da produção hidroelétrica, segundo o documento, será garantido pela nova hidroelétrica de Mphanda Nkuwa e pela construção da estação norte da HCB.

"Os recursos hidroelétricos únicos de Moçambique formarão a espinha dorsal estratégica para a produção de energia de baixo carbono e as ambições de industrialização verde do país, que é uma prioridade nacional", assumiu o Governo no mesmo documento.

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