O texto, apresentado à Assembleia pela Alemanha e copatrocinado por dezenas de Estados-membros da ONU, incluindo Portugal, obteve 116 votos a favor, dois contra e 12 abstenções dos 193 Estados-membros da ONU.
Apenas Estados Unidos e Israel votaram contra este texto.
Entre os países que se abstiveram estão Índia, Irão, China, Moçambique ou Rússia. Dezenas de países não registaram o voto.
"A mensagem central desta resolução é: à mãe afegã que segura o filho doente e desnutrido, nós estamos a ver. Aos familiares enlutados daqueles que são vítimas de mais um ataque hediondo de grupos terroristas que operam em território afegão, nós estamos a ouvir. E aos milhões de mulheres e meninas afegãs trancadas em casa, não nos esquecemos de vocês", afirmou Berlim antes da votação, pedindo apoio à resolução.
Intitulada "A situação no Afeganistão", a resolução expressa profunda preocupação com as terríveis condições económicas, humanitárias e sociais no país desde o regresso ao poder dos talibãs, em agosto de 2021, assim como com a violência persistente e a presença de grupos terroristas, a ausência de inclusão política e as violações de direitos humanos, incluindo de mulheres e minorias.
Ao votarem a favor desta resolução, os Estados-membros da ONU prometeram apoio contínuo ao povo do Afeganistão para reconstruir um Estado estável, seguro e economicamente autossuficiente, livre de terrorismo, narcóticos ilícitos, crime organizado e corrupção, e para fortalecer as bases de um Governo constitucional e inclusivo.
Contudo, para os Estados Unidos, apoiar esta resolução significa "recompensar os talibãs com mais envolvimentos e mais recursos".
"Esta resolução é mais do mesmo", criticou Washington, admitindo que o Governo talibã "jamais oferecerá concessões reais ou adotará políticas de acordo com as expectativas da comunidade internacional".
"A mudança no Afeganistão deve vir de dentro. Durante décadas, assumimos o fardo de apoiar o povo afegão com tempo, dinheiro e, principalmente, vidas americanas. Já passou da hora de os talibãs intervirem. Os Estados Unidos não permitirão mais este comportamento hediondo", concluiu Washington ao justificar o voto negativo na resolução.
Já o representante do Afeganistão na ONU, falando em nome das antigas autoridades do país antes da tomada do poder pelos talibãs, elogiou o foco da resolução na grave situação humanitária e o apelo por assistência baseada em princípios e na perspetiva de género.
"Com mais de 23 milhões de afegãos a necessitarem urgentemente de ajuda vital no meio do colapso económico e dos desastres induzidos pelo clima, a solidariedade internacional não é opcional: é uma obrigação moral", apelou.
[Notícia atualizada às 19h15]
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