"Muitos participantes expressaram as suas posições sobre a situação na Ucrânia nos seus discursos. Todos eles falaram a partir de posições equilibradas e objetivas, demonstrando uma compreensão crescente das causas profundas desta crise", disse o chefe da diplomacia russa durante uma conferência de imprensa no final da cimeira do bloco de países emergentes (BRICS) no Rio de Janeiro, onde liderou a delegação da Rússia.
Lavrov insistiu que as raízes do conflito estão nas "ameaças à segurança da Rússia" que o Ocidente criou "durante muitos anos".
Uma delas, frisou o ministro, é a expansão da NATO para leste, com o objetivo de "absorver a Ucrânia" e colocar a sua "máquina militar junto às fronteiras da Rússia".
Numa declaração final conjunta divulgada no domingo, os BRICS condenaram "nos termos mais fortes os ataques contra pontes e infraestruturas ferroviárias que visaram deliberadamente civis nas regiões de Bryansk, Kursk e Voronezh, na Federação Russa, em 31 de maio e 01 e 05 de junho de 2025, resultando em várias vítimas civis, incluindo crianças".
As palavras de condenação dos BRICS não mencionaram diretamente a Ucrânia, embora noutra parte do documento os signatários façam alusão ao conflito desencadeado pela invasão russa, que começou em fevereiro de 2022. Em nenhuma parte do texto, a Rússia é citada como o país agressor.
A cimeira dos BRICS, que terminou hoje no Rio de Janeiro, centrou-se em quatro grandes temas: a reforma das organizações que regem a ordem internacional, a promoção do multilateralismo, a luta contra a fome e a pobreza e a promoção do desenvolvimento sustentável.
O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, cujo país assume atualmente a liderança rotativa do bloco, teve de lidar com a ausência do homólogo chinês, Xi Jinping, que faltou à cimeira dos BRICS pela primeira vez, e do líder russo, Vladimir Putin, alvo de um mandado de detenção do Tribunal Penal Internacional (TPI) por alegados crimes de guerra na Ucrânia.
Putin participou no encontro por videoconferência.
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
Os aliados de Kyiv também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
O grupo dos BRICS foi fundado em 2009 por Brasil, Rússia, Índia e China, juntando-se a África do Sul, em 2011. Atualmente integra ainda: Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irão, Indonésia e a Arábia Saudita.
A estes juntam-se, como membros associados, outros 10 Estados: Bielorrússia, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e o Vietname.
O bloco representa mais de 40% da população global e mais de 35% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.
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