Neandertais foram primeiras vítimas humanas de percevejos há 60 mil anos

Os percevejos passaram há 60 mil anos de morcegos para neandertais numa gruta e, desde então, esta linhagem seguiu um padrão demográfico muito semelhante aos humanos e pode ter causado a primeira praga urbana da história, segundo um estudo.

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Lusa
29/05/2025 06:42 ‧ há 2 dias por Lusa

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Em contraste, os percevejos menos 'aventureiros', aqueles que permaneceram com os morcegos, continuaram em declínio desde o Último Máximo Glaciar (período conhecido como Idade do Gelo), ocorrido há cerca de 20.000 anos.

 

Esta é a principal conclusão de um estudo conduzido por cientistas da Virginia Tech, nos Estados Unidos, após a comparação dos genomas completos de duas linhagens de percevejos, sendo que os detalhes da investigação foram publicados na quarta-feira na revista Biology Letters.

"Queríamos observar as mudanças no tamanho efetivo da população --- o número de indivíduos reprodutivos que contribuem para a geração seguinte --- porque isso pode indicar o que aconteceu no passado", explicou Lindsay Miles, autora principal e investigadora de pós-doutoramento no Departamento de Entomologia.

Os investigadores acreditam que uma compreensão completa da relação simbiótica histórica e evolutiva entre os humanos e os percevejos pode ajudar a prever a propagação de infestações nas populações urbanas e auxiliar no controlo ou prevenção de infestações como a que Nova Iorque sofreu em 2010, que obrigou ao encerramento de edifícios icónicos como o Empire State Building, as lojas da Quinta Avenida e até o Hospital Universitário.

"Inicialmente, com ambas as populações, observámos um declínio geral consistente com o Último Máximo Glaciar. A linhagem associada aos morcegos nunca recuperou e continua a diminuir de tamanho", enquanto "a linhagem associada aos humanos recuperou e a sua população efetiva aumentou", explicaram os cientistas.

Miles aponta para o estabelecimento inicial de grandes povoações humanas que se expandiram para cidades como a Mesopotâmia há cerca de 12 mil anos.

"Isto faz sentido porque os humanos modernos deixaram as grutas há cerca de 60 mil anos. Havia percevejos a viver nas grutas com estes humanos e, quando se mudaram, levaram consigo um subconjunto da população, pelo que há menos diversidade genética nesta linhagem associada aos humanos", explicou Warren Booth, professor Associado de Entomologia Urbana na Virginia Tech.

À medida que os humanos aumentavam o tamanho das suas populações e continuavam a viver em comunidades, e as cidades se expandiam, a linhagem de percevejos associada aos humanos experimentou um crescimento exponencial no seu tamanho populacional efetivo.

Graças aos dados do genoma completo, os autores têm agora uma base para estudar mais a fundo esta divisão de linhagens.

Apesar de ambas as estirpes apresentarem diferenças genéticas, não são suficientes para terem evoluído em duas espécies distintas.

Por isso, os investigadores querem estudar de perto as mudanças evolutivas na linhagem associada aos humanos e compará-las com as da linhagem associada aos morcegos.

"O interessante será observar o que aconteceu nos últimos 100 a 120 anos. Os percevejos eram bastante comuns no mundo antigo, mas, com a introdução do DDT para o controlo de pragas, as suas populações caíram a pique. Acreditava-se que tinham sido essencialmente erradicados, mas em cinco anos começaram a reaparecer e tornaram-se resistentes ao pesticida", analisou Booth.

Num estudo anterior, Booth, Miles e a estudante de pós-graduação Camille Block descobriram uma mutação genética que pode contribuir para esta resistência aos inseticidas, e estão a estudar mais a fundo a evolução genómica dos percevejos e a sua relevância para a resistência da praga aos inseticidas.

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