De acordo com a Constituição, o país deve ter um novo executivo e no prazo de 45 dias após a demissão do primeiro-ministro, ou seja, antes de 20 de junho.
Dan, que assumiu o cargo na segunda-feira, após vencer a segunda volta das presidenciais em 18 de maio, convocou os partidos parlamentares e os representantes das minorias.
Esses contactos não contaram com a presença da Aliança para a União dos Romenos (AUR, extrema-direita), a segunda formação do parlamento e cujo líder, George Simion, disputou com Dan a segunda volta das eleições presidenciais, após ter vencido a primeira volta, duas semanas antes.
O Presidente declarou que o seu objetivo é unir as quatro forças europeístas --- o Partido Social Democrata (PSD), o Partido Nacional Liberal (PNL, conservador), a União Liberal Salvar a Roménia (USR) e o partido da minoria húngara (UDMR) --- para formar um governo com uma grande maioria.
Ciolacu demitiu-se da chefia do Governo depois de o candidato comum dos social-democratas e conservadores, Crin Antonescu, não ter chegado à segunda volta das eleições presidenciais.
O governo liderado por Ciolacu, saído das legislativas realizadas em dezembro, era formado pelo PSD, pelo PNL e pela formação da minoria húngara.
O Presidente expressou a sua esperança de que, dentro de duas semanas, a Roménia tenha um novo governo.
A urgência deve-se, além dos prazos legais, ao contexto económico complicado: o país encerrou 2024 com um défice superior a 9% do Produto Interno Bruto (PIB), o mais alto de toda a União Europeia. Este ano, Bucareste deve reduzir o défice para 7%.
O líder do PNL, Ilie Bolojan, que desempenhou o cargo de presidente interino, garantiu que o seu partido está disposto a fazer parte do novo executivo.
"No início do próximo ano, ultrapassaremos uma dívida de 60% do PIB. Além disso, a baixa absorção de fundos europeus limita a nossa capacidade de investimento. Estes problemas refletem uma má gestão orçamental, com uma despesa pública superior ao que o país podia suportar", declarou à imprensa Bolojan, após se reunir com Nicusor Dan.
Por outro lado, no PSD reina a cautela e os porta-vozes do partido garantiram que mantêm um "mandato aberto" e que ainda não há garantias de que se juntem ao futuro gabinete.
O líder interino do liberal USR, Dominic Fritz, rejeitou a possibilidade de aumentar impostos e tarifas, embora não tenha descartado a possibilidade de entrar no governo.
"O primeiro passo deve ser cortar o que não podemos pagar. Será uma negociação difícil", advertiu.
Por seu lado, Kelemen Hunor, líder da UDMR, partido que representa a minoria húngara, pediu que não se incorresse em "cortes excessivos" para não gerar mais "tensões sociais".
Hunor antecipou que nos próximos dias serão realizadas reuniões técnicas com especialistas de cada partido. Nelas serão debatidas possíveis medidas, incluindo ajustes fiscais e reduções nas despesas administrativas, especialmente na estrutura central do Estado.
De acordo com dados do Eurostat, em 2024, 28% da população romena estava em risco de pobreza ou exclusão social, superada apenas pela Bulgária (30%) na União Europeia.
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