O projeto de resolução, redigido pelos Estados Unidos e pela Grécia, foi aprovado com 12 votos favoráveis dos 15 Estados-membros do conselho, e é uma renovação direta do mandato da missão, que foi agora prolongado até 15 de janeiro de 2026.
Abstiveram-se a Rússia, Argélia e a China, uma posição que vem sido adotada consistentemente por esses três países em todas as resoluções que renovaram a exigência dos relatórios sobre ataques Huthis.
"Esta resolução é o reconhecimento da necessidade de vigilância contínua deste Conselho contra a ameaça terrorista dos Huthis apoiados pelo Irão", afirmou a embaixadora interina dos EUA na ONU, Dorothy Shea, logo após a votação.
Segundo a diplomata, os ataques da semana passada, feitos pelos rebeldes do Iémen e que resultaram no naufrágio dos navios mercantes "Magic Seas" e do "Eternity C", servem como um lembrete das "táticas terroristas dos Huthis, da sua disponibilidade para atacar alvos civis, tirar a vida a marinheiros inocentes, fazer reféns e arriscar graves danos económicos e ambientais no Iémen e noutros países da região".
Estes ataques, assinalou Shea, comprometem a livre passagem do comércio pelo Mar Vermelho e representam uma ameaça à liberdade de navegação e à segurança económica e marítima regional.
Durante o processo de negociação da resolução, Rússia, Argélia e a China expressaram preocupação com a linguagem contida na resolução sobre o direito dos Estados de defenderem os seus navios mercantes dos ataques e, consequentemente, com o aparente apoio a ataques no Iémen realizados por Estados-membros como EUA e Reino Unido.
Os três membros do Conselho de Segurança defenderam igualmente uma referência mais explícita à ligação entre a crise no Mar Vermelho e o conflito em Gaza.
Os rebeldes afirmam estar a atacar navios para apoiar os palestinianos na Faixa de Gaza na guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas.
"Esta abstenção não deve ser interpretada como uma reserva aos relatórios mensais apresentados pelo secretário-geral sobre a situação no Mar Vermelho. Também não deve ser interpretado como uma aceitação ou justificação dos ataques contra embarcações comerciais ou cargueiros", justificou a Argélia.
"Reiteramos a importância destes relatórios. (...) No entanto, a nossa abstenção é um reflexo da nossa profunda preocupação (...) com o que observamos de má interpretação ou utilização indevida do princípio da legítima defesa. Lamentavelmente, vimos como esta resolução foi utilizada sem justa causa ou injustamente para justificar ataques ao território de Estados soberanos", frisou o diplomata argelino.
Argumento semelhante foi utilizado pela China e pela Rússia, com Moscovo a admitir que as intenções iniciais desta resolução "são boas", mas a "implementação prática deixa muito a desejar".
"Parte da linguagem do documento deu muito espaço para interpretações arbitrárias, o que já resultou em tentativas de usar a resolução como justificação para o uso da força contra o território do Estado soberano do Iémen", indicou o diplomata russo.
A obrigação de relatórios foi estabelecida em 10 de janeiro de 2024 e renovada pela última vez pela em 15 de janeiro passado.
A renovação hoje aprovada ocorre num momento em que foram registados novos ataques dos rebeldes Huthis contra embarcações comerciais no Mar Vermelho em 6 e 7 de julho, que resultaram em pelo menos quatro mortes e vários feridos.
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